Aulas, cursos e palestras.

Tudo sobre Educação Física, Esporte e Lazer.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Educação física na contribuição do desenvolvimento motor e cognitivo de alunos com autismo

INTERVENÇÃO EDUCATIVA
O diagnóstico e a intervenção precoce são aspectos importantes que,
geralmente, se traduzem num prognóstico mais favorável. A partir dos três anos
estas crianças devem ter um acompanhamento educativo ajustado às suas
necessidades que, geralmente, dão ênfase ao desenvolvimento das competências
sociais, de comunicação e cognitivas, assim como aos aspectos relacionados com a
autonomia pessoal. Como os problemas de comunicação e comportamento
interferem com a aprendizagem escolar pode ser necessário recorrer a um
profissional com experiência e conhecimentos na área do autismo no sentido de
colaborar na elaboração e implementação de um programa de treino
comportamental em casa e na escola.
O ambiente escolar deve ser estruturado de tal forma que o programa a
implementar seja consistente e previsível. Os alunos com Autismo e Distúrbio de
Desenvolvimento Generalizado não especificado aprendem melhor e confundem
menos se a informação lhes for apresentada de uma forma visual e verbal.
Também é considerada importante a sua interacção com outras crianças já que lhe
proporcionam modelos normativos de interacção social, comportamento e
linguagem. Para ultrapassar o problema frequente da generalização das
competências aprendidas na escola para outros contextos é importante desenvolver
uma intervenção com a família para que as actividades e experiências de
aprendizagem possam ser desenvolvidas no contexto familiar e da comunidade.
Recorrendo a programas educativos desenvolvidos para satisfazer as
necessidades individuais de cada aluno e a serviços especializados de apoio é
possível que alguns adultos com Autismo possam trabalhar e viver integrados
profissional e socialmente na sua comunidade. Outros poderão necessitar de um
acompanhamento de retaguarda e de supervisão para que a sua integração social
seja plena.
De entre os modelos educacionais para os autistas, o mais importante, neste
momento, é o método TEACCH, desenvolvido pela Universidade da Carolina do
Norte, e que tem como postulados básicos na sua filosofia, os seguintes:
a) Propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as
potencialidades e a faixa etária do paciente.
b) Funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função prática).
c) Independência (desenvolvimento de capacidades que permitam maior
autonomia possível).
d) Integração de prioridades entre família e programa, ou seja, objectivos a
serem alcançados devem ser únicos e a estratégias adoptadas devem ser
uniformes.
Dentro deste modelo, é estabelecido um plano terapêutico individual, onde é
definida uma programação diária para a criança autista. O aprendiz parte de
objectos concretos e passa gradativamente para modelos representativos e
simbólicos, de acordo com as suas possibilidades.

Fonte. Centro de Formação Contínua de Professores de Ourique, Castro Verde,
Aljustrel e Almodôvar (Registo de Acreditação: CCPFC/ENT-AE-0722/04)

domingo, 5 de julho de 2015

Lazer

DUMAZEDIER E OS ESTUDOS DO LAZER NO BRASIL:
BREVE TRAJETÓRIA HISTÓRICA

Cristina Marques Gomes1
Doutoranda em Ciência da Informação pela Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP)
Docente e Chefe do Departamento de Turismo e Patrimônio da Escola de Museologia do
Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCH) da Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro (UNIRIO).

RESUMO:
Pesquisa de viés histórico que contextualiza o lazer enquanto objeto de estudo no Brasil.
Apresenta um breve panorama das influências internacionais, principalmente pela
presença de Joffre Dumazedier nos seminários internos promovidos pelo Serviço Social
do Comércio (SESC), na literatura científica nacional. Divide-se o texto em duas fases: os
estudos precursores e as bases científicas do lazer. Os dados da presente comunicação
são oriundos da dissertação de mestrado da autora (Gomes; 2004).
PALAVRAS-CHAVE:
LAZER; DUMAZEDIER; HISTÓRIA; ESTUDOS PRECURSORES; CIENTIFICIDADE;
BRASIL.
Como inspiração, havia uma afirmação de Lévi-Strauss, no livro Totemismo Hoje, sobre o
significado das espécies naturais para os povos chamados primitivos: diferentemente da
idéia geral, de que são boas para comer, as espécies naturais, de acordo com a frase do
conhecido antropólogo, são “boas para pensar”. Significa que, além de servir de alimento,
de fornecer a energia necessária á vida do dia-a-dia, plantas, pássaros, peixes e animais
também fornecem elementos para a construção de códigos e quadros de pensamento. O
lazer, da mesma forma, além de ser bom para repor as forças depois de um período
estafantes de trabalho – um dia, uma semana, um ano – na visão do senso comum, é
bom também para pensar os valores e as dinâmicas da sociedade (MAGNANI, 2000)
INTRODUÇÃO
No Brasil, a produção científica sobre o lazer emerge a partir da década de 1970
com o desenvolvimento de pesquisas e projetos específicos, muito embora, trabalhos
anteriores, tenham importância significativa para a sistematização e compreensão do
conhecimento na área. Em termos gerais, a literatura científica nacional foi influenciada
por questões internacionais e, principalmente, pela presença de J. Dumazedier em
seminários internos promovidos pelo Serviço Social do Comércio (SESC) em São Paulo e
em diversas localidades por outras instituições. Esse sociólogo francês veio várias vezes
ao País no período de 1961 a 1963, a convite da Universidade de Brasília (UnB), do
Movimento de Cultura Popular da cidade de Recife e das autoridades eclesiásticas de
Pernambuco.
Seguindo essa estrutura histórica, o presente artigo procura reconstituir a trajetória
do lazer na literatura nacional, com o propósito de contribuir para uma nova abordagem
compreensiva do fenômeno em questão. Têm-se, portanto, o registro das influências
1 End. Rod. Amaral Peixoto, km 95, número 350, casa 61 – Iguaba Grande – Rio de Janeiro (RJ) / Telefones:
(21) 8273-5524 ou (22) 2624-1634 / E-mails: cristina@usp.br / cristinamgomes@unirio.br
internacionais na produção local, o panorama geral dos embates entre as correntes
“favoráveis” e “contrárias” aos estudos do lazer, a relação e participação do SESC em
diversas atividades, dentre outros fatos. Além dos escassos registros sobre a história da
produção científica em lazer no Brasil, a organização geral do texto valeu-se de alguns
depoimentos informais de pesquisadores sobre a temática
O conteúdo do texto é dividido em: estudos precursores e bases científicas do
lazer, culminando, pois, com as considerações finais sobre o tema.
ESTUDOS PRECURSORES
A bibliografia brasileira sobre lazer até a década de 1960 era escassa, com
exceção, de trabalhos como os de Inezil Marinho (desenvolvia no Rio de Janeiro um curso
de Fundamentos e Técnicas de Recreação em 1955 e publicou Educação física,
recreação e jogos, em 1957), Arnaldo Sussekind (distribuiu um questionário sobre lazer
entre o operariado e dirigiu o Serviço de Recreação Operária do Ministério do Trabalho) e
Ethel Bauzer Medeiros (elaborou o projeto de recreação no aterro do Flamengo no Rio de
Janeiro). A pouca produção literária pode ser compreendida considerando-se as
características dos centros urbanos da época no Brasil:
Em nossas cidades, mesmo naquelas que já adquiriram características de grandes centros
urbanos, quer pelo volume populacional, quer pelo desenvolvimento de sua estrutura
econômico-social, o problema de bem ocupar as horas de lazer ainda não ganhou a
consciência dos estudiosos, nem a dos governantes. [...] Essa indiferença dos educadores,
sociólogos, psicólogos, urbanistas, etc, pelo destino que os brasileiros dão ao seu tempo
livre, deve-se em boa parte – acreditamos – à inexistência de grandes metrópoles e à
ausência de várias características das sociedades de massas, próprias dos países
altamente industrializados, onde as conotações culturais, econômicas e sociais do tempo
de lazer são naturalmente ostensivas e gritantes. [...] Por outro lado, a natureza reflexa da
nossa cultura deforma, em muitos casos, a visão dos brasileiros face aos fenômenos
surgidos da realidade nacional. [...] Acontece, porém, que nos países padrões do sistema
cultural em que nos inserimos, “tempo é dinheiro” e amar a vida no que ela tem de belo e
desinteressado uma deformação ou um vício (FERREIRA, 1959).
Em 1959, José Acácio Ferreira realiza uma pesquisa empírica2 sobre os
trabalhadores assalariados no município de Salvador (BA), que resultou no livro Lazer
Operário. A obra é dividida em três partes principais: “importância e significado do lazer”;
“lazer, industrialização e subdesenvolvimento” e “lazer operário”, com destaque final para
a importância da participação mais ativa dos empregados nas atividades de lazer.
Requixa (1977) ressalta a importância dessa obra, citando que o autor:
Insiste em que haverá para o indivíduo benefício de natureza pessoal, bem como uma
importante contribuição à coletividade, pela forma compensatória do lazer, aliviando as
tensões sociais próprias dos tempos modernos. Trata-se de obra do mais vivo interesse,
não apenas histórico, mas documental e referencial, para todos aqueles que se dediquem
ao estudo da temática do lazer no Brasil, especialmente pela feição científica, seriedade e
proficiência do trabalho.
A definição clara no enfoque do texto para Ferreira surgiu a partir das “palavras” de
Gilberto Freyre em uma conferência realizada na Escola de Belas Artes da Bahia no ano
anterior à publicação do livro. Freyre afirmou que à medida que a máquina substituía o
homem, a organização do lazer tornava-se mais importante que a organização do
trabalho. Nesse sentido, Ferreira (1959) que já havia iniciado a coleta de dados, relata
2 Na pesquisa o autor entrevistou 205 famílias, totalizando 597 trabalhadores que recebiam em média
salário mínimo.
que:
Receava, porém, certa incompreensão quando à escolha do tema. Temia não conseguir a
compreensão de que, se o tempo livre era um problema sério para os países
desenvolvidos, para as nações que desejam progredir, a concretização das potencialidades
contidas nessas horas de folga era um imperativo. A palavra do ilustre sociólogo
pernambucano vinha de certa forma em meu auxílio.
Dentre os resultados da pesquisa observa-se entre os operários, o aparecimento
do jogo de dominó e do candomblé como atividades de lazer, o primeiro jogado apenas
por homens alcança no quadro de freqüência a porcentagem de 32,6%, o que o colocava
acima do cinema e da dança; a outra atividade “assistir bater candomblé”, era comum nas
classes mais baixas da população (18,76%). No entanto, segundo o autor, “é importante
advertir que esta freqüência não significa crença, nem participação ativa. Do que
podemos colher, ficou-nos a impressão de que a maioria vai para entreter-se, ver as
danças e comer as iguarias dos santos”.
Posteriormente à publicação dessa pesquisa, dois fatos são relevantes para a
evolução do estudo do lazer. O primeiro está relacionado à palestra realizada em 1966,
em Recife, pelo sociólogo José Vicente de Freitas Marcondes, da Escola de Sociologia e
Política de São Paulo, intitulada Trabalho e Lazer no Trópico. Tratando dos diversos níveis
de trabalho (doméstico, escravo, indígena, industrial, etc), esse estudioso ressalta a
importância do lazer no processo de desenvolvimento da sociedade. Alguns anos mais
tarde, em 1970, é criado o curso de Pós-Graduação sobre Sociologia do Lazer e do
Trabalho, na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, sob sua coordenação
(REQUIXA, 1977).
O segundo fato é a publicação, em 1968, do livro Lazer e Cultura, por João Camilo
de Oliveira. A obra, de caráter teórico, caracteriza a cultura de massa e, segundo Requixa
(1977), está dividida em duas partes principais: na primeira, de sentido mais histórico,
estabelece as relações entre o ócio e o negócio e as maneiras pelas quais os homens
levaram em consideração essas relações; na segunda estuda alguns problemas ligados
ao lazer, a partir do entendimento do mesmo como “uma verdadeira revolução, originária
da própria evolução da vida humana”.
Entre os dias 27 e 30 de outubro de 1969, o SESC de São Paulo e a Secretaria de
Bem-Estar do Município promovem o Seminário sobre o lazer: perspectivas para uma
cidade que trabalha, com o propósito de discutir a temática do lazer no Brasil, junto a
pesquisadores e estudiosos do assunto. Esse seminário confirmava a proposição do lazer
como produto do processo de desenvolvimento industrial:
[...] É na cidade de São Paulo, a mais industrializada cidade do país, onde o aspecto
trabalho apresenta íntima conexão com a própria vida da cidade, que o lazer como tema
haveria de impor-se, como aconteceu, com significativa importância. Assim, o lazer, como
problema geral, emerge a consciência social brasileira nesse momento, e vai adquirindo
progressiva importância social e política no país (REQUIXA, 1977).
O Seminário iniciou-se com a conferência de Renato Requixa. Em seu discurso, o
pesquisador salienta a importância do lazer no mundo contemporâneo, apresentando um
breve panorama histórico do mesmo. Levanta a problemática relativa à validade do
estudo do lazer nos países em desenvolvimento, examinando sua conceituação, as
características das atividades e suas funções, conforme a linha de pesquisa de
Dumazedier. Propõe algumas possibilidades, decorrentes da sua experiência profissional
no SESC, ressaltando o sentido educativo – a educação através do lazer e a necessidade
da educação para o lazer.
O evento contou como três painéis e seis grupos de estudos. O primeiro painel era
sobre as necessidades de lazer na cidade de São Paulo; o segundo sobre o
planejamento de áreas verdes e de recreação; e o terceiro sobre formação e treinamento
de pessoal para programas de lazer. Os grupos de estudos debateram questões relativas
ao lazer da criança, do adolescente, do adulto e da terceira idade, além dos movimentos
culturais e da participação dos bairros na promoção do lazer municipal.
Participaram do Seminário cerca de 250 pessoas, e o evento apresentou, além de
ampla repercussão entre os diferentes profissionais associados ao lazer, uma “afronta” a
corrente teórica contrária à existência de estudos e pesquisas sobre o tema. O embate da
problemática no Brasil refletia, em parte, as tendências internacionais.
Com o propósito de discutir o assunto, Luiz Octávio de Lima Camargo3,
representante da corrente “favorável”, na linha de pesquisa do Dumazedier, vislumbra a
correlação do lazer com o contexto histórico brasileiro, por meio da apresentação dos
argumentos de ambos os “lados”:
De um lado, a favor do tema, devem ser lembrados o SESC e alguns setores públicos
minoritários, sobretudo de urbanistas, que não se conformavam com a degradação dos
espaços urbanos e com a morte do centro histórico. Havia, também, os professores de
educação física e os recreadores escolares, que se sentiam marginalizados em face da
tônica dominante na escola. De outro, contrários, havia os empresários, os ´donos´ do
trabalho, em parceria inusitada com a sociologia estabelecida, sobretudo da USP e da
PUC, sem deixar de mencionar a parcela majoritária dos assistentes sociais e outros
profissionais que se dedicavam ao cuidado das populações carentes.
Quais são os argumentos, favoráveis e contrários? Os argumentos favoráveis eram
bastante tímidos, até mesmo diante dos argumentos exibidos cem anos antes por Lafargue
[...] Como viver apenas de trabalho? Como descansar, se não há lazer? Como lidar com
populações carentes, a não ser através de atividades lúdicas? Já os argumentos contrários,
não eram nada tímidos. Refugiavam-se, às vezes, à sombra de bandeiras inatacáveis na
época. Era o caso da primeira objeção, que afrontava o tema do lazer como desviacionista
dos graves problemas da nossa sociedade de então, como a tortura de opositores ao
regime, a fome, o desemprego, etc. Era um argumento difícil de refutar. [...]
O segundo argumento contrário era parecido, mas pretendia-se empírico. As pessoas têm
outras preocupações mais importantes do que o lazer, dizia-se então. A favor desse
argumento, havia uma teoria e uma pesquisa recente. A teoria era a das necessidades
básicas de Maslow. [...] Curiosamente os que recorriam a essa teoria sempre concluíam
que o lazer não fazia parte das necessidades básicas e sim das supérfluas.
A terceira objeção era mais sutil e dizia respeito à chamada “cultura da pobreza”. Baseada
em pesquisa do antropólogo americano Oscar Lewis junto a uma família de favelados da
cidade do México, publicada no livro “Os filhos de Sanchez”, a noção de cultura da pobreza
descrevia uma síndrome que associava, em populações pobres, baixa capacidade de
iniciativa e auto-estima a conformismo e descrença na existência. A pobreza, mais do que
carência de bens materiais seria o caldo e o fermento dessa cultura. De que adiantava falar
em lazer para populações que mostravam pouca disposição até mesmo para se divertir? O
lazer combina com uma cultura da pobreza? (CAMARGO, 2003)
Pela ótica de Requixa (1977), as reações negativas ao seminário eram ditadas:
[...] ou por idéias preconceituosas inconsistentes contra um consumo de tempo introjetado
como hedonista e, portanto, ofensivo a um tipo de moral mais puritana voltada para a
valorização do trabalho; ou por posições conscientemente assumidas contra algo que
parece contrariar dois valores fundamentais – a cultura e o trabalho; ou por
desconhecimento da própria funcionalidade do lazer, o que certamente faria superar muito
preconceitos relativos a uma pretensa inutilidade ou futilidade do lazer; ou, finalmente, por
ignorância de um fato social emergente no mundo moderno e que se vem afirmando cada
vez mais, independentemente de ideologias ou de estágios de desenvolvimento, e que é
um novo humanismo, essencialmente valorizador da importância de satisfação de
3 Luiz Octávio de Lima Camargo foi orientando direto do Dumazedier, quando do seu doutoramento na
Faculdade de Ciências da Educação da Universidade Sorbonne-Paris V
necessidades humanas de expressão de si mesma, e que encontram abrigo na prática de
atividades de lazer.
Tais divergências teóricas são contextualizadas por Camargo (2003) ao citar o
pensamento de Requixa, para quem as sociedades urbanas apresentava três estágios em
relação à temática do lazer: num primeiro momento, negam a questão, através de
diferentes argumentos; num segundo, o tema do lazer “é percebido como importante face
ao seu potencial terapêutico em relação a outras problemáticas urbanas, ou seja, dentro
de um sentido instrumental”; e apenas num terceiro momento, “percebe-se que o lazer é
importante em si mesmo”. Estes estágios, do ponto de vista sociológico, refletem o
processo de urbanização e industrialização de todas as sociedades capitalistas.
Dentre os principais resultados “positivos” do evento, segundo Requixa (1977),
estão:
o O grande número de pessoas que trabalhavam como profissionais, ou
voluntários em obras sociais, passaram a sentir a importância do trabalho que
realizavam no campo do lazer. Sentiram-se profissional, pessoal e socialmente
valorizados;
o O conhecimento recíproco de diversas obras sociais e conseqüentemente troca
de experiências;
o A assinalada promoção do tema lazer, não apenas junto aos técnicos, mas
também junto ao grande público, através da imprensa, a qual apresentou farto
noticiário a respeito dos assuntos tratados;
o Provocou-se atenção dos próprios trabalhadores sociais para uma nova forma
de trabalho social, através das atividades de lazer, com todas as suas
possibilidades insuspeitadas;
o A ampliação da concepção do lazer, concernente a todas as faixas etárias, não
se confundindo apenas com atividades infantis;
o Os desdobramentos, despertando o interesse de outras regiões brasileiras para
a realização de novos seminários sobre o lazer;
o Imediatamente após o seminário realizaram-se treinamentos intensivos para
voluntários em programas de lazer na Secretaria do Bem-Estar Social da
Prefeitura de São Paulo;
o A partir do seminário houve maior compreensão relativamente às programações
de lazer do SESC e mais predisposição comunitária para a colaboração com
tais programações;
o Profissionais e voluntários das programações do SESC, que participaram do
seminário sentiram-se mais encorajados para novas experiências práticas,
como as “manhãs, tardes e noites de recreio”;
o A própria palavra lazer passou a fazer parte do vocabulário de profissionais da
área do social e integrou-se, com destaque, no vocabulário da imprensa.
BASES CIENTÍFICAS DO LAZER
As diretrizes de ações do SESC em relação ao lazer intensificaram a partir da
realização, no mesmo ano do Seminário em São Paulo (1969), da IV Convenção Nacional
de Técnicos da instituição no município de Petrópolis (RJ). Em 1970 uma série de
encontros foi realizada, dentre eles: o segundo Seminário de Estudos sobre o Lazer, em
junho na cidade de Campinas (SP); a palestra Lazer e Desenvolvimento da Secretaria dos
Serviços Sociais em Brasília (DF); o Seminário sobre Lazer patrocinado pela Secretaria
da Promoção Social do Estado de São Paulo em São José dos Campos (SP); e o
Seminário sobre Lazer em novembro no Estado da Guanabara (hoje Rio de Janeiro), com
o apoio do SESC. Além desses eventos, Freitas Marcondes publica o artigo Trabalho,
Lazer e Educação na Revista Problemas Brasileiros no mesmo ano (REQUIXA, 1977,
p.98).
São estudos importantes deste período: a pesquisa de orçamento-tempo do
sociólogo Amauri de Souza, da UERJ; a pesquisa realizada pelo SESC em Americana
(SP), sob coordenação de Luiz Octávio de Lima Camargo, Práticas e aspirações culturais
no tempo livre da população de uma cidade média, que pretendia estabelecer uma base
de estudos comparados com a pesquisa desenvolvida por Dumazedier em Annecy, e a
pesquisa Práticas de fim-de-semana da população do Estado da Guanabara, dirigida pelo
sociólogo Carlos Alberto Medina, do extinto Centro Latino-Americano de Pesquisa Social
– CELAPES (CAMARGO, 2003).
O SESC organiza um grupo de estudos e pesquisas denominado Centro de
Estudos do Lazer (CELAZER), que a partir de 1970 contou com a orientação de
Dumazedier. A instituição promove a publicação de diversas obras na área que
contribuem diretamente para o registro do “pensamento” sobre o lazer na literatura
nacional.
Em 1971, Requixa publica os trabalhos Esporte, atividade de lazer e Conceito de
lazer, ambos na Revista Problemas Brasileiros, em 1973 Lazer e ação comunitária pelo
SESC e em 1974, Lazer na grande cidade, Espaços urbanizados e o livro As Dimensões
do Lazer. Nesse último, o autor inicia seu discurso com a relação de interdependência
entre o trabalho e o lazer, contextualizando o desenvolvimento histórico e conceitual de
ambos. São discutidas questões relativas ao processo de industrialização, urbanização e
a conseqüente expansão do tempo livre dos trabalhadores. Em outro momento, apresenta
o assunto pela ótica dos países em desenvolvimento, apontando algumas funções do
lazer, como a educativa, que vem associada à importância deste no mundo
contemporâneo.
Os dois conceitos de lazer mais importantes para Requixa são provenientes de
Joffre Dumazedier, em sua obra Vers une civilization du loisir? e de Norman P. Miller e
Duane M. Robinson, no trabalho intitulado Le nouvel age des loisirs. Segundo Miller e
Robinson (citado por Requixa, 1974) o lazer é “um conjunto de valores de
desenvolvimento e enriquecimento pessoais alcançados pelo indivíduo, utilizando o tempo
de lazer, graças a uma escolha pessoal de atividades que o distraiam”.
Quanto ao gênero próximo de ambos os conceitos, o de Dumazedier parece-nos mais
adequado quando se refere a conjunto de atividades e não a conjunto de valores, embora a
insistência nos valores do lazer nos pareça importante para o exato entendimento do lazer.
Assim é que os valores existem como essência em ambos os conceitos, sendo que para
Dumazedier eles são uma finalística das atividades ou do conjunto de atividades e, em
Miller e Robinson, eles por si próprios definem o lazer (REQUIXA, 1974).
Em seguida, o autor apresenta seu próprio conceito de lazer “como uma ocupação
não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive e cujos valores propiciam
condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social”, a
partir da análise de cada um dos elementos que o compõem: a distinção entre lazer e
ócio; o lazer como ocupação não-obrigatória, o elemento “livre escolha” da atividade, o
entendimento dos “valores” do lazer (valores institucionalizados, de idéias e
“coisificados”); os elementos de “recuperação psicossomática”, “desenvolvimento pessoal
e social” alcançáveis através da prática do lazer.
Com relação ao aspecto acadêmico, pode-se mencionar a reunião de reitores das
universidades brasileiras em Fortaleza, em 1972, com o propósito de discutir os aspectos
relacionados ao lazer e aos programas de extensão cultural nas instituições.
Gilberto Freyre, em seu livro Além do Apenas Moderno, publicado em 1973, dedica
alguns capítulos à temática do tempo livre sendo um deles intitulado “Aspectos de
relações atuais entre trabalho e lazer que se projetam para o futuro”.
Destaca-se a obra o Lazer no planejamento urbano de Ethel Bauzer de Medeiros,
em 1975, que trata do problema da expansão do lazer na sociedade pós-industrial,
abordando a importância do mesmo, através dos “tempos” e refletindo sobre as
máquinas, o lazer das massas, os novos estilos de vida, etc. A autora apresenta a
recreação organizada como uma das soluções para o planejamento urbano e, por fim,
discute “o Parque do Flamengo: um milhão de metros quadrados para recreio”.
Em 1973 na cidade de Porto Alegre foi criado o Centro de Estudos de Lazer e
Recreação (CELAR) na PUC-RS em parceria com a Prefeitura Municipal para inicialmente
atender a demanda de recursos humanos especializados na área para atuarem nos
“Centros de Comunidade” do município. A proposta da Universidade era a criação de uma
Faculdade ou Escola de Lazer, para tanto, o Reitor nomeou um grupo de trabalho, que
veio a desenvolver o referido Centro de Estudos (TOTTA, 1977).
Em setembro de 1975, Dumazedier ministra um curso no CELAR, para graduandos
e professores universitários, sobre o tema Teoria do Lazer. O discurso do pesquisador foi
transcrito e publicado, sob o título Questionamento Teórico do Lazer, sob coordenação de
Lúcia Castillo.
Preferimos dar-lhe o título de “Questionamento Teórico do Lazer” por entendermos que
corresponde melhor ao posicionamento adotado pelo ilustre sociólogo e também porque
nosso principal objetivo, ao divulgá-lo, é fornecer subsídios para que a preocupação com o
lazer, em rápida expansão entre nós, se constitua num questionamento sério e realista que
propicie ações eficazes e condizentes com o respeito ao homem e à sua liberdade. O texto
foi reproduzido de gravações e apontamento e organizado de maneira a servir ao leitor que
não participou do curso. Os originais não foram revisados pelo professor. Esperamos, no
entanto, ter sido fiéis ao pensamento do mestre, sem distorcer nem desfigurar sua
contribuição na brilhante e afetuosa passagem entre nós (CASTILLO, 1975).
O livro é composto de cinco partes e se inicia com o item “questionamentos
teóricos”, no qual o autor discursa sobre:
O que é um questionamento teórico? O que é a teoria numa sociologia da educação e, de
maneira geral, nas ciências do lazer? Por que o questionamento teórico me parece mais
importante do que a teoria? [...] Porque acredito que é o melhor meio para que a teoria seja
associada à prática. É o melhor meio para que as questões da prática conduzam às
respostas teóricas. É o melhor meio para que as respostas teóricas conduzam ao
questionamento da prática. Porque o questionamento da teoria é a melhor maneira de
evitar a abstração (DUMAZEDIER, 1975).
Para o autor, havia uma teoria mais geral do que a teoria do lazer – a “Teoria da
Decisão”, que articulava três tipos de pensamento: o pensamento axiológico; o
pensamento teleológico instrumental; e o pensamento probabilístico. O primeiro responde
à pergunta: por que é preciso fazer isto? Em nome de que valores, de que filosofia, de
que concepção do mundo?; o segundo é o pensamento das finalidades e dos meios:
quais são os objetivos da recreação? Quais são os métodos ou os meios para realizar
estes objetivos?; e o último responde a questão: qual é, provavelmente, a situação na
qual eu ajo e que age sobre mim e quais são os resultados prováveis que poderei obter?
Em outras palavras, o pensamento axiológico é o pensamento do que é desejável; o
pensamento teleológico instrumental é o pensamento do que é possível; e o pensamento
probabilístico é o pensamento do que é provável, antes e depois da intervenção, isto é, o
pensamento probabilístico examina as necessidades prováveis a satisfazer e quais os
resultados prováveis a obter (DUMAZEDIER, 1975).
A segunda parte do relato de Dumazedier é sobre os “fundamentos históricossociológicos
do Lazer”, englobando a dinâmica técnico-econômica, social e cultural da
produção do lazer, passando também pela transformação do tempo liberado. O terceiro
capítulo versa sobre os “fundamentos axiológicos do lazer”, no início desse texto o autor
caracteriza a estrutura de “pré-conceitos” existentes em relação ao lazer: “o que conta é o
esforço, o trabalho, para não ser parasita, para não desperdiçar o dinheiro, para
economizá-lo. Por muito tempo, o lazer em certos meios católicos, foi considerado como
uma fonte de desperdício, por oposição ao valor da economia”.
Dumazedier (1975) ainda exemplifica que se pode encontrar as mesmas
resistências por parte da ética marxista, dividida em duas correntes: aquela que dá
importância maior ao trabalho produtor das relações sociais e meio privilegiado de formar
o homem; e a outra, que acentua mais o tempo fora do trabalho como um produto do
progresso do próprio trabalho, como o direito “à preguiça”. Mas existe um pensamento
que é freqüentemente retomado por defensores do lazer na filosofia do trabalho: “o
trabalho é o império da necessidade; é fora dele que começa a liberdade”. Este texto de
Marx está no “Capital” e foi depois retomado por Lafargue que toma o exemplo de Deus.
Para ele, um materialista, Deus era o próprio modelo da preguiça ideal: “Jeová, este Deus
barbudo e carrancudo, dá a seus adoradores o supremo exemplo da preguiça ideal,
depois de seis dias de trabalho repousou para a eternidade”.
Em Paris, quaisquer que sejam as escolas, a maior parte dos marxistas que conheço, como
Pierre Naville, por exemplo, não aceitam dar importância ao lazer na vida. Vêem nisso
possibilidade de evasão, de traição do trabalho. No entanto, apesar dessas resistências,
existe um progresso de valores que eu chamaria de valores totalitários do trabalho, em
todas as sociedades industriais avançadas ou em vias de desenvolvimento. Cada vez mais
não se considera o lazer como um meio de melhor trabalhar, mas há uma tendência de
inverter os valores. Para a maioria das pessoas que não têm um trabalho criativo e
altamente responsável, o trabalho torna-se um meio de viver bem e, no viver bem, existe
uma arte de viver o seu tempo livre: a arte do lazer. E isto é válido tanto em Moscou como
em Paris, em São Paulo, como em New York (DUMAZEDIER, 1975).
Ainda no terceiro capítulo, Dumazedier aborda os valores do trabalho profissional,
do trabalho escolar, da religião, da política e do lazer. Na quarta parte o tema tratado é o
“sistema de intervenção sócio-cultural no lazer”, através de debates sobre a ideologia, os
valores setoriais e os critérios de ação, analisando a significação, o conteúdo e a
democratização das atividades de lazer (para quem as atividades de lazer, e qual a
justificativa deste sistema de intervenção, no equilíbrio social de uma cidade?). Em
seguida, o pesquisador trata dos meios de concretização de uma política do lazer (com o
que realizar esta política do lazer e como essas reflexões sobre esse “com o que” revelam
uma das dimensões da teoria do lazer contemporâneo?) e de uma política de animação
cultural. Respondendo às perguntas dos participantes no curso, Dumazedier acrescenta,
na última parte, alguns esclarecimentos sobre os temas abordados na época.
Outras iniciativas foram organizadas pelo CELAR em parceria com a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, com o objetivo de promover a educação para o lazer. Para
tanto, a estrutura organizacional do grupo era composta por departamentos interligados
de formação, difusão, pesquisa e administração. A equipe de formação era responsável
por instrumentalizar profissionais para a área, sendo uma de suas realizações à criação
de um Curso de Especialização em Lazer (pós-graduação - lato sensu) em 1974.
Com relação às ações do Governo Federal, as primeiras iniciativas claras sobre o
lazer surgem:
[...] por ocasião da criação da Comissão Nacional de Regiões Metropolitanas e Política
Urbana – CNPU, em 5 de junho de 1974 [...] A estratégia deverá obedecer a diversas
diretrizes, entre as quais chama a atenção a que trata do “disciplinamento da urbanização
da orla marítima regional, em decorrência das atividades ligadas ao turismo e ao lazer, bem
como a preservação das cidades históricas e o apoio às infra-estruturas das estâncias
hidrominerais”. Isto no caso da região Sudeste. Para a região Sul, “o disciplinamento do
processo de urbanização das áreas litorâneas e interiorizadas, destinadas ao turismo e
lazer” e para o Nordeste, “a ordenação da ocupação urbana da orla marítima com o objetivo
de preservar o patrimônio paisagístico e a vocação da área para o turismo e o lazer”
(REQUIXA, 1977).
Com a participação do Ministério do Trabalho, em conjunto com o SESC e o SESI
(que presta serviços de natureza social aos trabalhadores da Indústria), realizou-se em
agosto de 1975 no Hotel Glória, o I Encontro Nacional sobre o Lazer no Rio de Janeiro,
que contou com a presença de 800 congressistas, além da participação de Joffre
Dumazedier com as temáticas Lazer nas sociedades em desenvolvimento e Lazer e
formação sócio-cultural e Roger Lecoutre, este último dissertou sobre Van Clé Fondation
e o Congresso Mundial do Lazer. Os anais do evento foram publicados em setembro de
1977 pelo SESC.
O encontro estruturou-se em um conjunto de conferências, painéis, “experiências”
(onde os resultados práticos dos trabalhos realizados foram apresentados ao plenário
através de uma explanação mais sucinta e explicativa e de vasto material audiovisual) e
“círculos de estudo” (constituídos de 12 representantes escolhidos de acordo com a
categoria profissional e experiência de trabalho no campo do lazer).
o Outras Conferências: “Tempo livre e liberdade” (Ernst Greiner); “Pedagogia do
lazer” (Zilah Totta) e “Lazer e psicologia preventiva” (José Inácio de Sá Parente);
o Painéis: “Recreação” (Ruth Gouvêa, Augusto Rodrigues e Gilda Maria
Assumpção de Souza); “Esporte para todos” (Lamartine Pereira da Costa,
Mirian Delamare, Marco Antônio de Moraes e Cleide Ramos); “O arquiteto e o
lazer” (Renato B. Menescal; Marco Antônio Coelho e Luiz Eduardo Índio da
Costa); “Feiras do lazer” (Domingos Barbosa da Rocha); “Experiência global do
SESC” (Edith Magalhães Motta, Sebastião Luis da Costa Barreto, Maria da
Penha Saraiva e Antônio de Araújo Borges); “Iniciação esportiva como fator de
educação – recreação, saúde e renovação” (Jacyra Magalhães de Araújo, Otto
Reis e Silva e Otto Wey Netto);
o Comunicação de experiências: “Programa Nacional de Centros Sociais
Urbanos” (Marcos Vinícius Villaça); “Experiência da Secretaria de Educação do
Rio de Janeiro” (Myrthes Wenzel); “Experiência do CELAR” (Zilah Totta); “A
recreação pública em Porto Alegre” (Lenea Gaelzer); “Experiências das
organizações sindicais” (Olavo Previati, Laureano Batista, Antônio Navas
Martins e Luizant da Mata Roma) e “Experiência da EMBRATUR” (Roberto
Ferreira do Amaral).
Relacionando o lazer ao turismo, Roberto Ferreira do Amaral, em seu depoimento
sobre a Experiência da EMBRATUR, para quem o “turismo é uma forma de lazer e o lazer
uma forma de turismo”, sugere, a partir do Encontro, a criação de uma comissão
permanente, composta inicialmente por representantes do Ministério do Trabalho, do
SESC e do SESI. Essa comissão era encarregada de:
o Coordenar o estudo e a elaboração das Diretrizes para uma Política de Lazer;
o Criar condições para a constituição de uma assessoria técnica, multidisciplinar,
composta por sociólogos, assistentes sociais, economistas, recreadores,
arquitetos, pedagogos, etc, como elemento de apoio à comissão coordenadora;
o Organizar um sistema de consultas, que permita a participação de órgãos de
classe, entidades, órgãos do governo, etc., diretamente interessados na Política
do Lazer, através de encontros regionais, reuniões, consultas, pesquisas e
outras formas.
Além das obras supracitadas, Requixa escreve em 1977 o livro O Lazer no Brasil.
Este é composto de três partes, uma sobre “o elemento lúdico nas etnias formadoras da
nacionalidade brasileira”, outra tratando da “industrialização, urbanização e seus reflexos
no mundo” e a última englobando as “formas contemporâneas de uso do tempo livre”
(cinema, teatro, concertos, rádio, televisão, hábito de leitura, esporte, férias, fins de
semana e turismo), “os equipamentos urbanos: algumas considerações sobre o poder
público, as instituições privadas e o lazer”, a “feira de lazer – uma forma de lazer
comunitário” e a “consciência social da importância do lazer”. Neste último sub-capítulo o
autor detalha a trajetória da produção científica do lazer no Brasil até aquele momento.
Na década seguinte, em 1988, Sarah S. Bacal publica o livro Lazer: teoria e
pesquisa, em São Paulo. Nessa obra, a autora aborda as relações entre trabalho, tempo
livre e turismo, considerando que o “tempo total” (Tt) é dividido em “tempo necessário”
(Tn) para a execução das tarefas essenciais à sobrevivência humana e “tempo liberado”
(TLB) para atividades não-obrigatórias, sendo muitas vezes confundido com “tempo livre”.
Este é a denominação de uma parcela do tempo liberado do trabalho, entendido como
“tempo que o homem dispõe legalmente”. O significado desse tempo livre, para a autora,
é estabelecido a partir, preponderantemente, do sistema de referência adotado para a
valorização das atividades a ele relacionadas.
Ao conjunto de atividades realizadas no tempo necessário chamou-se trabalho, e procurouse
examinar, relativamente a ele, que critérios, adotados nas várias etapas do processo
civilizatório, presidiram à sua valorização, com vistas a verificar o modo como as variações
de significado interferiram na conotação das atividades realizadas no tempo livre. Este
conjunto de fatores conduziu a autora a uma pesquisa de campo, cujo principal objetivo
consistia em saber se, em São Paulo, o homem dispõe de um tempo em que pode escolher
livremente suas atividades. [...] A ênfase desta pesquisa se concentra no volume de tempo
livre e no conteúdo desse tempo. As referências à visão diacrônica dos conteúdos das
parcelas do tempo total têm como objetivo destacar que as modificações envolvendo a
natureza e o valor de uso do tempo liberado ao trabalho influem e são influenciadas por
fatores sócio-culturais (BACAL, 1988).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em 1988 a Constituição incorpora o lazer como direito básico do cidadão brasileiro
o que, por conseguinte, ameniza, em parte, os reflexos provenientes do movimento
“contrário” ao estudo do fenômeno, promovendo a consolidação das pesquisas nos anos
póstumos.
Enfim, na década de 1980 o campo científico do lazer desenvolve-se
significativamente, e a temática começou a ser mais quantitativamente analisada em
diversas instâncias. Observa-se na década seguinte, a intensificação dos eventos, das
pesquisas e publicações, além da criação de diversos núcleos de pesquisa, vinculados às
universidades brasileiras, que tratam de questões relativas ao lazer.
Consagrando definitivamente a importância do lazer em âmbito nacional, o 5º
Congresso Mundial de Lazer foi realizado no Brasil em outubro de 1998, por iniciativa do
SESC e da Associação Mundial de Lazer e Recreação. Como resultado do evento
encontra-se a publicação Lazer numa sociedade globalizada / Leisure in a globalized
socity, homônima do tema do encontro, cujo propósito era analisar as diferentes
perspectivas do lazer e do tempo livre e as tendências de globalização na sociedade
contemporânea.
O encaminhamento de uma proposta à WLRA – Associação Mundial de Lazer e Recreação
– para sediar o V Congresso Mundial de Lazer foi uma conseqüência natural da tradição da
instituição neste campo. O Congresso foi organizado pelo SESC, com a decisiva
participação da WLRA, e a colaboração da ALATIR – Associação Latino-Americana de
Lazer e Recreação – em outubro de 1998, simultaneamente ao II Encontro Latino-
Americano de Lazer e Recreação e ao X Encontro Nacional de Recreação e Lazer –
ENAREL, evento este realizado no Brasil desde 1989 reunindo os profissionais de
organizações públicas e privadas (MIRANDA, 2000).
O Congresso reuniu conferencistas e pesquisadores de diferentes correntes
teóricas e regiões (Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos,
Holanda, Itália, Japão, México, Reino Unido e Tailândia), incluindo acadêmicos,
administradores, planejadores, consultores profissionais e estudantes.
O panorama dos estudos e da pesquisa em lazer no Brasil não se encerra neste
artigo. A trajetória histórica adotada, com o propósito de contextualizar a produção
nacional mediante alguns fatos, complementa-se com a análise vindoura das dissertações
e teses defendidas no País, que pode ser consultada na dissertação de mestrado de
Gomes (2004). Tais produções teóricas, provenientes de diferentes campos de estudo,
refletem o comportamento do lazer enquanto objeto científico e prática sociológica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANNALS of Tourism Research. Jafar Jafari (ed.).
BACAL, Sarah S. Lazer: teoria e pesquisa. São Paulo: Edições Loyola, 1988.
BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 1975.
BRUHNS, Heloísa Turini (Org.). Temas sobre o lazer. Campinas: Autores Associados,
Comissão de Pós-Graduação da faculdade de Educação Física da UNICAMP, 2000.
_________.; GUTIERREZ, Gustavo Luiz (Orgs.). O corpo e o lúdico: ciclo de debates
lazer e motricidade. Campinas: Autores Associados, Comissão de Pós-Graduação da
faculdade de Educação Física da UNICAMP, 2000.
CAMARGO, Luiz Octávio de L. O que é lazer. São Paulo: Brasiliense, 1986.
_________. Educação para o lazer. São Paulo: Moderna, 1998.
_________. Sociologia do lazer. Turismo como aprender, como ensinar. São Paulo:
Senac, v.2, 2001.
_________. A pesquisa em lazer na década de 70 In: IV Seminário, 2003, Belo Horizonte.
Coletânea IV Seminário. Belo Horizonte: UFMG/DEF/CELAR, 2003. v.1. p.33 – 45.
CASTELLANI FILHO (1995) apud MARCELLINO, N.C. (org.) Lazer: formação e atuação
profissional. Campinas: Papirus, 1995.
CASTILLO, Lúcial. Apresentação. In: DUMAZEDIER, Joffre. Questionamento teórico do
Lazer. Porto Alegre: PUCRS, 1975.
DUMAZEDIER, Joffre. Lazer e cultura popular. São Paulo: Perspectiva, 1976.
_________. Sociologia empírica do lazer. São Paulo: Perspectiva, 1999.
_________. Teoria sociológica da decisão. São Paulo: Sesc / Celazer, 1978.
_________. A revolução cultural do tempo livre. São Paulo: Studio Nobel, 1994.
_________ & RIPERT. loisir et culture. Paris: Seuil, 1966.
_________ & SAMUEL, N. Societé educative et pouvoir culturel. Paris: Seuil, 1976.
_________. Questionamento teórico do Lazer. Porto Alegre: PUCRS, 1975.
ESTUDIOS Turísticos. Madrid. Instituto de Estúdios Turísticos (ed.)
ESTUDIOS Y PERSPECTIVAS EN TURISMO. Buenos Aires. Regina Schluter (ed.)
FERREIRA, José Acácio. O lazer operário. Salvador. Ed. Livraria Progresso, 1959.
GOMES, Cristina Marques. 2004. Pesquisa Científica em Lazer no Brasil – Bases
Documentais e Teóricas. São Paulo: ECA / USP (Dissertação de Mestrado).
JOURNAL OF LEISURE RESEARCH. Estados Unidos. Texas A&M University (ed.)
LOISIR & SOCIÉTÉ. Québec: Presses de l´Université du Québec, 1978.
MAGNANI, José Guilherme. Lazer, um campo interdisciplinar de pesquisa. In: BRUHNS,
Heloísa Turini; GUTIERREZ, Gustavo Luiz (Orgs.). O corpo e o lúdico: ciclo de
debates lazer e motricidade. Campinas: Autores Associados, Comissão de Pós-
Graduação da faculdade de Educação Física da UNICAMP, 2000.
MARCELLINO, N.C. Lazer e educação. 8 ª edição, Campinas: Papirus, 2001 a.
________.Pedagogia da animação, 3ª edição, Campinas: Papirus, 2001 b.
________ . A sala de aula como espaço para o jogo do saber. In: MORAIS, R. (org.) Sala
de aula-que espaço é esse? 15ª ed.,Campinas: Papirus, 2002.
________. (org.) Lazer & Empresa. Campinas: Papirus, 1999.
________. (org.) Lazer: formação e atuação profissional. Campinas: Papirus, 1995.
MIRANDA, Danilo Santos de. Apresentação. In: Congresso Mundial de Lazer, São Paulo,
1998. Lazer numa sociedade globalizada: Leisure in a globalized society. São Paulo:
SESC / WLRA, 2000.
MOMMAAS, H. et al. (org.). Leisure Research in Europe. London: CAB Internacional,
1996.
REQUIXA, Renato. O lazer no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1977.
_________. As Dimensões do Lazer. São Paulo: Sesc / Celazer, 1974.
_________. Sugestões de diretrizes para uma política nacional de lazer. São Paulo: Sesc
/ Celazer, 1980.
REVUE DU TOURISME. Saint Gallen. AIEST (ed.)
TURISMO EM ANÁLISE. São Paulo. ECA / USP. Mirian Rejowski (ed
___________________________________________________________________________

LAZER, RECREAÇÃO E TURISMO EM CRUZEIROS MARÍTIMOS TEMÁTICOS:
Uma análise comparativa sobre os cruzeiros universitários técnicos (Zenith) e o
Cruzeiro Prata All’Italiana (Costa Victoria).
Annaelise Fritz Machado*
Sheila Atalla Peluso**
RESUMO
O mercado de Cruzeiros marítimos vem destacando-se com um dos segmentos que
mais cresce no turismo. Este crescimento deve-se a diversificação de produtos, à
oferta de novos destinos, à diminuição dos preços das viagens e as variadas
atividades de lazer, recreação e turismo. O propósito deste artigo é apresentar uma
análise comparativa entre o Cruzeiro Universitário Técnico (Zenith) e o Cruzeiro
Prata All’italiana (Costa Victoria) no que tange as questões relacionadas às
atividades de lazer, recreação e turismo. Para que esta análise fosse possível, foram
feitas visitas de campo nos dois tipos de cruzeiros, além de uma vasta busca
bibliográfica e entrevistas nos setores específicos.
Palavras-chave: Turismo. Lazer e recreação. Cruzeiros marítimos. Cruzeiro
temático Zenith. Cruzeiro temático Costa Victoria
* Graduada em Turismo pela Faculdade de Santos Dumont (FACTUR). Especialista
em Organização e Administração do lazer e da Recreação pela Universidade
Federal de Juiz de Fora. Professora e coordenadora do curso de Turismo da
Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora. Coordenadora dos cursos de Pósgraduação
em Planejamento e Gestão de Eventos e MBA em Gestão Ambiental.
Endereço eletrônico: annaelise.machado@estacio.br; annaelisefritz@yahoo.com.br.
** Graduada em Turismo pela Faculdade Estácio de Juiz de Fora. Especialista em
Hotelaria pelo SENAC GROGOTÓ de Barbacena. Endereço eletrônico:
sheilapelusotur@hotmail.com.
2
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
INTRODUÇÃO
O turismo envolve diversos segmentos importantes a serem analisados,
dentre eles, dá-se destaque ao setor de recreação e lazer, que tem contribuído de
maneira significativa para atrair turistas que buscam relaxar, descansar e se divertir
nos momentos de não trabalho. Conceitualmente, o turismo é traçado como
deslocamento, onde envolve infra-estruturas básicas, tais como: meios de
transporte, de hospedagem, de alimentação, e outros itens que se fazem
fundamentais para a satisfação do turista que se direciona a um atrativo ou uma
localidade. Dessa forma, aborda-se um meio de transporte responsável por grandes
deslocamentos, que possui uma infra-estrutura capaz de satisfazer seus
passageiros que por ali transitam, oferecendo estadia, uma rica alimentação, além
de atividades de lazer e recreação, que são os Cruzeiros Marítimos.
Os cruzeiros têm como papel primordial atender a todos os tipos de público
em um mesmo local, em algumas vezes tenta segmentar seu público em função de
um tema específico. Assim passam a ser denominados Cruzeiros Marítimos
Temáticos.
O presente artigo tem como objetivo, apresentar as atividades recreativas, de
lazer e turísticas que são desenvolvidas pelo Cruzeiro Universitário Técnico (Zenith)
e o Cruzeiro Prata All´Italiana (Costa Victoria) no litoral brasileiro.
Além disso, alguns pontos chaves são indispensáveis para que possam ser
avaliados, tais como a identificação de atividades de lazer e recreação que são
desenvolvidas dentro de ambos cruzeiros; análise da faixa etária do público
freqüentador de cada navio em questão; verificação do percentual de pessoas que
viajam de navio por opção de lazer ou turismo; os setores existentes de lazer e
recreação de cada navio, mostrando diferenças entre eles; a importância das
atividades de lazer, recreação e turismo para o público freqüentador de cruzeiro.
Para a constituição deste, foi necessário recorrer a fontes bibliográficas
voltada para a área de turismo, cruzeiros marítimos, bem como dos navios Zenith e
Costa Victoria. Foram utilizados sites da internet, e uma pesquisa de campo
qualitativa (in loco) realizada em ambos os navios, onde desta maneira foi possível
realizar entrevistas com diretor de cruzeiros Alexandre Sadan e a recreadora infantil
Elaine Stevan, do navio Zenith, e entrevistas com o mesmo objetivo, com o
3
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
assistente da diretora de cruzeiros Ricardo Cadu, o chefe da recreação adulta
Rodrigo Tomageski e o recreador dos adolescentes José Luiz Castro do navio Costa
Victoria.
A ATIVIDADE TURÍSTICA
O desenvolvimento do turismo e a velocidade como ele acontece varia de
acordo com o potencial que a cidade a qual ele é implantando possui Mas é certo
que elementos como lazer, hospedagem e transporte são indispensáveis para que o
turismo exista. Ao longo do tempo diversas definições foram atribuídas ao termo,
dentre elas, podemos constatar a dada por Fernández (apud BARRETO, 2003, p.
11), onde segundo ele:
Turismo é, de um lado, o conjunto de turistas; do outro, os fenômenos e as
relações que esta massa produz em conseqüência de suas viagens.
Turismo é todo o equipamento receptivo de hotéis, agências de viagens,
transportes, espetáculos, guias-interpretes, que o núcleo deve habilitar para
atender às correntes [...] é o conjunto das organizações privadas ou
públicas que surgem para fomentar a infra-estrutura e a expansão do
núcleo, as campanhas de propaganda [...].
Entende-se, então, que o turismo não se faz apenas de receptivos, meios de
hospedagem dentre outros tipos de serviços. Ele precisa também do turista que
contribui para que o sistema turístico funcione. Assim, o turismo não existe sem o
turista e o turista não pode fazer turismo sem a devida infra-estrutura descrita por
Fernández.
Portanto, deve-se avaliar o fenômeno como propulsor de deslocamento, onde
as pessoas saem de suas residências a procura de algo, seja para lazer, a trabalho,
ou outros fins, sempre em busca do novo.
Pode-se dizer que o turismo é formado por diversos “produtos”, que são
subdivididos, e que causaria uma segmentação de mercado própria para cada um.
Segundo Ignarra (2003), para que um segmento turístico se torne específico, é
preciso que se tenha uma atuação estratégica do marketing diretamente em seu
público alvo, demonstrando que é possível realizar uma viagem que possua um
único foco. É como dar exatamente o que o passageiro almeja, e que faça com que
ele deseje aquele produto e que este se diferencie dos outros.
4
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
Segmentar o mercado é identificar clientes com comportamentos
homogêneos quanto a seus gostos e preferências. A segmentação possibilita
o conhecimento dos principais destinos geográficos, dos tipos de transportes,
da composição demográfica dos turistas e da sua situação social e estilo de
vida, entre outros elementos. (BENI, 1998, p. 149)
Diante da colocação de Beni, pode-se dizer que existem pessoas com gostos
e afinidades em comum, assim reúnem-se em grupos, contribuindo para a
segmentação do mercado. Por mais que a proveniência dessas pessoas seja de
uma mesma localidade, em sua maioria a situação social poderá nem sempre ser a
mesma.
A evolução dos meios de transportes destacou-se como um dos mais
importantes componentes para a obtenção de sucesso do turismo em geral. Tal
pensamento se afirma, quando Dias (2002) menciona que as inovações tecnológicas
se deram inicialmente por máquinas a vapor, sendo elas, trens e barcos, o que
facilitou visivelmente, tanto o acesso a outras sociedades quanto a comunicação
entre elas.
De maneira inicial, o transporte marítimo se deu especialmente em função ao
processo de imigração, em um trajeto de navegação entre a Europa e a América do
Norte, que cruzavam o Atlântico, por volta de 1921 (AMARAL, 2006). Eram
considerados como navios de transportes, pois o objetivo crucial era fazer travessias
de um país para outro.
No entanto, os navios deixam de ser utilizados meramente para transporte de
passageiros de um ponto a outro, passando a ser cogitados para outras utilidades,
como, por exemplo, em função de uma gastronomia típica, para descansar e se
divertir. Enfim, por fazer lazer, aproveitando melhor o tempo. De acordo com
Cavallari (2001):
É dentro do tempo livre é que as pessoas têm seu tempo de lazer. Ao surgir
em uma pessoa uma predisposição, um estado de espírito favorável, uma
vontade de se dedicar a alguma atividade voltada para o lúdico, essa pessoa
se encontra numa situação de lazer. (CAVALLARI, 2001, p. 14)
Entende-se, então, que para se ter lazer, necessário se faz ter um tempo livre
disponível durante as 24 horas do dia de uma pessoa, que este seja livre de
afazeres e obrigatoriedades. É o tempo utilizado pelo indivíduo, da maneira que lhe
for mais conveniente, explorando de si, seus desejos e vontades que muitas vezes
5
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
são adiados devido à correria do dia-a-dia e as necessidades de primeira ordem, ou
seja, alimentação, sono, higiene, necessidades fisiológicas, dentre outros.
Já a recreação, segundo Ferreira (2003), “recreação = play (palavra inglesa
que significa prazer), representa uma atividade que é livre, espontânea, no qual o
interesse se mantém por si só sem nenhuma compulsão interna ou externa, sem
forma obrigatória ou opressora, afora o prazer”.
Uma outra maneira de vê-la seria ainda analisar como um momento em que o
indivíduo tem para se expressar de forma que explore sua criatividade e habilidades
(LARIZZATTI, 2005). Forma essa que agrega momentos de satisfação, já que o uso
da própria criatividade do indivíduo provoca sensações boas e positivas. A
recreação passa a ser vista como uma atividade que trabalha o lúdico incluindo
competição, diversão, e outros itens envoltos pelas atividades recreativas.
Em uma equipe de profissionais envolvidos com lazer e a recreação,
encontramos cargos tais como os de animador ou recreador, surpervisor e o técnico
em recreação. “É importante citar que uma mesma pessoa pode desempenhar mais
de uma função e de um cargo”. (CAVALLARI, 2001, p. 18)
Os recreadores, além de apresentarem atividades, possibilitam o contato
entre as pessoas, criando um ambiente descontraído e familiar.
O recreador é aquele que tem contato direto e restrito com o público
participante e com as atividades lúdicas desenvolvidas [...] suas principais
funções são: auxiliar o planejamento das atividades lúdicas; operacionalizar
as atividades; liderar para que todos participem das mesmas; explicar o
funcionamento; coordenar; propiciar a integração dos grupos; criar
situações de estados psicológicos positivos; arbitrar quando se fizer
necessário; zelar pelo material antes, durante e depois da atividade;
responsabilizar-se pela integridade física do grupo no nível de primeiros
socorros; responsabilizar-se por todos os participantes desde o início até o
término da atividade lúdica. (CAVALLARI, 2001, p. 18)
Além de todas as obrigações, este profissional deve além de tudo, ser alegre,
extrovertido, responsável e que saiba lidar com as mais diversas situações. Deve
evitar que haja desavenças no decorrer das atividades, cuidar de todo o grupo, e em
casos de acidentes, ter noção de como agir, evitando descontrole, afim de não
passar desespero aos demais participantes presentes.
6
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
Esta afirmação se confirma na fala de Ferreira: “o sucesso de um programa
depende de quem o dirige e da organização, [...] o líder deve ser simpático,
conhecer bem o jogo, ser hábil e ter voz de comando” (FERREIRA, 2003, p. 39).
O animador ou recreador deve ainda ser comunicativo, brincalhão, sempre
respeitando e mantendo um limite nas brincadeiras que fizer, pois certamente
haverá pessoas que não as aceitam, logo deve ser maleável e simpático, fazendo
com que as pessoas à sua volta recebam essas sensações positivas.
CRUZEIROS MARÍTIMOS
Cruzeiro é um tipo de embarcação que realiza uma viagem,
fundamentalmente, de prazer, com diversão a bordo e excursões nas costas, praias
e porto do percurso; é um barco fretado que segue estritamente o itinerário.
(TORRE, 2002)
Portanto, podemos considerar que um cruzeiro trata-se de um veículo de
transporte, ao qual a viagem se inicia em um porto de embarque, que em sua
maioria é onde será o ponto de desembarque do mesmo (exceto para viagens mais
extensas como volta ao mundo, onde se embarca em um país e se desembarca em
outro), com paradas, que seriam as escalas pré-determinadas.
Amaral (2006, p. 124), define cruzeiro marítimo de forma mais ampla e afirma
que:
Pela variedade de opções de lazer, conforto e acomodações que oferece, um
navio de cruzeiro pode ser definido como um “resort flutuante”. Além de
transportar e alimentar o passageiro, um navio desse tipo proporciona
inúmeras alternativas de lazer, garantindo tranqüilidade, conforto, segurança
e colocando à disposição do passageiro todos os elementos necessários para
seu lazer (shows, festas, discoteca, bares, cassino, restaurantes, cinema).
Como mencionado por Amaral, por muitas vezes, os cruzeiros marítimos são
comparados à “Resort Flutuante”, por ser um local que prima o bom trato do
hóspede, bem como oferecem variadas opções de lazer, assim como opções
gastronômicas, diferentemente do que ocorre em hotéis convencionais. O objetivo
destas embarcações não é apenas hospedar o cliente, mas oferecer tranqüilidade e
segurança, deixando que o mesmo aproveite do seu tempo o máximo possível.
Outra questão que se deve levantar são as diferenças existentes entre os
cruzeiros marítimos e os transatlânticos. De acordo Porfírio (2007, p. 8), “os
7
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
transatlânticos são embarcações construídas especialmente para travessias do
Oceano Atlântico, entre a Europa e a América do Norte.[...] Esse tipo de embarcação
também opera na maioria das vezes em mar aberto. Tem casco duplo e estrutura
reforçada”.
Torre (1995) define transatlânticos como navios que realizam travessia de um
porto a outro, sendo cada porto em um continente diferente, sem possuir escalas,
navegando através dos mares do oceano Pacífico ou Atlântico.
Um outro importante ponto de um cruzeiro marítimo, e talvez um dos motivos
da elevada procura, é a escala que o navio faz no decorrer da viagem. De acordo
com Amaral (2006), a vantagem de um transporte como este, estaria em pensar que
a cada dia o passageiro teria a oportunidade de estar acordando em um lugar
diferente, o que conseqüentemente, trás consigo uma série de expectativas novas,
fazendo com que não haja tanto uma rotina como se estivesse em um único ponto
turístico.
Segundo Page (2001, p. 135) “Os cruzeiros temáticos são uma tendência
recente, mas em expansão, pois a unificação do público em torno de alguma
preferência em comum facilita tanto a organização das atividades a bordo quanto ao
próprio relacionamento entre os viajantes”.
Dessa forma, um passageiro de cruzeiros marítimos temáticos, além de ser
influenciado por seus gostos, pode pensar na facilidade de acesso, variedade de
lazer, um roteiro com escalas que lhes desperte interesse, sem deixar que tenha o
livre arbítrio de fazer o que tem vontade dentro do navio e nos horários de sua
preferência.
As companhias marítimas oferecem cruzeiros “regulares” de interesse
comum, que participam de todas as atividades próprias de um cruzeiro.
Porém, em certas datas ou períodos, podem ser oferecidas atividades
adicionais, incluindo roteiros especiais para um desses grupos – solteiros,
“melhor idade”, jogadores de carteado (bridge, tranca, etc.)[...] Nos cruzeiros
temáticos, como o próprio nome diz, todas as atividades são orientadas a
um tema. (AMARAL, 2006, p. 45)
Deve-se lembrar que dentro do cruzeiro marítimo temático, encontra-se tudo o
que é existente em um outro cruzeiro qualquer, independente de possuir esta
classificação, porém é possível encontrar mais pessoas com afinidades, o que vem
a ser a temática desenvolvida pela operadora, é importante ainda o passageiro estar
8
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
informado sobre o tipo de cruzeiro, caso adquira um, para evitar surpresas
desagradáveis.
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O CRUZEIRO TEMÁTICO UNIVERSITÁRIO
TÉCNICO (ZENITH) E O CRUZEIRO TEMÁTICO PRATA ALL’ITALIANA (COSTA
VICTORIA).
Como marco inicial da pesquisa realizada ao navio Zenith, dá-se inicio com
um breve histórico que se remete à embarcação onde segundo Carneiro1 (2007), o
navio Zenith, foi lançado ao mar em 1992, após ter sido construído no estaleiro
alemão Meyer Werft, pertencendo à frota da empresa Celebrity Cruises.
Diante dos dados presentes na ficha técnica do navio, devemos ainda
salientar que o Zenith é um navio que possui bandeira Malta e desloca 47.255
toneladas, com uma largura de 30 metros e 207 metros de comprimento, têm como
velocidade máxima 18 nós, e quando o cruzeiro esta navegando, normalmente
mantêm-se em 16,5 nós aproximadamente. (SADAN2, 07 dez 2007, s/p)
“O navio Zenith comporta 1800 passageiros em 700 cabines, sendo que ainda
há 20 cabines que são destinadas à alguns tripulantes, chefes de departamento ou
outros que fazem parte do entretenimento”. (SADAN, 07 dez 2007, s/p)
A pesquisa no navio Costa Victoria ocorreu entre os dias 22 à 31 de janeiro de
2008, período este que se aconteceu o Cruzeiro Prata All´italiana, que teve por
objetivo apresentar atividades recreativas e eventos voltados para os hábitos
italianos, músicas e tradições. Construído no ano de 1996, e de bandeira Italiana, o
navio Costa Victoria sempre fez parte da frota da empresa Costa Cruzeiros. No ano
de 2004, foi totalmente reformado e logo em seguida escolhido pela Costa Cruzeiros
para realizar cruzeiros na América do Sul.
Possuidor de 75.176 toneladas, com 254,5 metros de comprimento e 32,2
metros de largura, o navio Costa Victoria pode chegar à velocidade de 24 nós. Com
uma capacidade para 2370 passageiros, acomodados em 964 cabines, e tendo em
sua tripulação 790 pessoas, o Costa Victoria é dividido em 14 decks, onde possui 12
deles dedicadas aos passageiros, e 2 aos tripulantes.
2 SADAN, Alexandre. Diretor de Cruzeiros, 07 de dezembro de 2007.
9
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
No cruzeiro Prata All´italiana, analisado nesta pesquisa, o navio Costa
Victoria fez seu percurso em 9 noites, começando pela cidade de Santos, passando
pelo Rio de Janeiro, seguido com dois dias de navegação, e pernoitando uma noite
na cidade em Buenos Aires, logo depois passou um dia na cidade de Punta del
Leste (Uruguai). A viagem prossegue com mais um dia de navegação com uma
última parada em Porto Belo antes do desembarque em Santos no dia seguinte.
A partir do trabalho de campo realizado nos navios Zenith e Costa Victoria,
pode-se observar várias diferenças no que diz respeito à recreação e o lazer
aplicado em cruzeiros marítimos. Ambos os cruzeiros continham uma tripulação
envolvida com entretenimento extremamente preocupada em fazer com que tudo
acontecesse e acima de tudo divertissem seus passageiros.
Quanto ao público participante do Zenith, eram em sua maioria jovens
universitários e adultos, já que se trava de um navio voltado para esse público, eles
eram também passageiros que estavam pela primeira vez realizando um cruzeiro,
assim como ainda não conheciam o que estava sendo proposto, agradaram de quase
todas as atividades. Opostamente ao que aconteceu no navio Costa Victoria, os
passageiros que foram entrevistados, já haviam realizado outros cruzeiros
anteriormente, e havia uma opinião formada quanto aos setores de recreação, assim
várias insatisfações e críticas surgiram quanto à recreação.
Quanto à recreação infantil no navio Zenith, foi possível ter um contato direto
com os recreadores, e acredito que sejam preparadíssimos para cuidar deste público.
Havia uma preocupação por parte deles quanto não apenas a aplicação das
atividades, mas quanto ao crescimento e desenvolvimento das crianças em meio
aqueles jogos dados por eles.
Já relacionado ao Costa Victoria, o oposto do Zenith, a recreação infantil
contava com um grande número de passageiros participantes. A palestra dada no
início do cruzeiro, com termos e explicações sobre os horários de funcionamento,
sobre assuntos destinados as crianças e especialmente a sua saúde, acredito que foi
de vital importância para uma boa atuação dos recreadores. Ainda quanto à
recreação infantil, ambos os navios possuíam dois espaços específicos para crianças,
um deles era o Clubinho no navio Zenith, e o Squouk Club no Costa Victoria, e o
outro era a sala de jogos eletrônicos (pagos a parte).
10
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
No entanto, no navio Costa Victoria, a localização desta sala de jogos era
desprivilegiadas, pois ficava quase no final do cassino, e este era proibido transitar
crianças mesmo que acompanhado dos pais. Só que para que as crianças
chegassem a essa sala, teria que passar pelo cassino de toda forma, uma situação
complicada e mal pensada. Enquanto que no Zenith, a sala dos jogos se encontrava
do lado do clubinho, que era de fácil acesso e certo para se oferecer este
divertimento.
A recreação adolescente no navio Costa Victoria, era composta por apenas 2
recreadores, já que o número de passageiros desta faixa etária eram limitados, e no
Zenith não existiu por não ter este público.
Diante das atividades recreativas na piscina do Zenith, apesar dos passageiros
estarem todos com um astral muito bom, creio que poderia ter sido melhor do que foi,
no que diz respeito aos jogos apresentados. Contudo, quando a banda atuava na
piscina, acredito que alegrava o público e cumpria muito bem seu papel animando os
passageiros. Já a recreação na área da piscina do Costa Vitória, em alguns dias
iniciais do cruzeiro, faltou uma música mais animada. Contudo nos dias de
navegação, a programação era completamente incrementada, com os jogos na
piscina, já que é o deck que se encontra com maior número de passageiros,
especialmente se houvesse sol.
A equipe da recreação do Costa Victoria dedicada aos adultos era boa, exceto
a presença dos recreadores argentinos, faltava entusiasmo por parte deles na hora
da apresentação dos jogos, o que era diferente quando um recreador brasileiro ou
italiano apresentava um jogo. No Zenith, eram apenas brasileiros que propunham os
jogos e atividades.
As noites Costa Victoria, por ser um temático italiano, eram totalmente ricas em
atividades, que se iniciavam no teatro, estendendo-se logo em seguida no Concorde
Plaza festas temáticas ou jogos, e por fim na La Tavernetta. No Zenith, também
aconteciam eventos no teatro após os jantares, contudo, a discoteca era o alvo
principal do público deste temático.
A discoteca Raimbow, o espaço oferecido pelo navio Zenith era maior, e o dj
soube agradar mais seu público, enquanto no Costa Victoria, apesar de uma
localização mais privilegiada, comportava menos pessoas em sua pista de dança, e
11
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
como o dj tinha uma tarefa difícil de agradar o público brasileiro e argentino, as noites
na boate La Tavernetta deixaram um pouco a desejar.
Quanto às temáticas desenvolvidas, a que foi proposta pelo cruzeiro Técnico
Universitário, foram as palestras, onde acredito que 90% das mesmas foram
interessantes, e quem participou certamente se engrandeceu em conhecimento,
especialmente para aqueles passageiros e alunos que estavam possuindo o primeiro
contato com o transporte marítimo, o navio propriamente dito. Já no Costa Victoria,
com a temática do Prata All’italiana, também atingiu seu alcançar o objetivo, pois das
9 noites de cruzeiros, 6 delas tiveram shows com músicas italianas e cantores ítalosbrasileiros
interpretando canções famosas. Quanto à programação diurna, foi possível
encontrar apenas 3 dias onde foram incluídos jogos e eventos voltados para a
temática do cruzeiro, o que neste caso é um número relativamente baixo.
Durante as pesquisas, houve passageiros que também lamentaram sobre o
temático, alegando que esperavam mais atividades com o tema italiano. Os
passageiros que embarcaram no Rio, saíram no prejuízo, pois na primeira noite dos
passageiros de Santos, houve um show com um duo italiano, que deveria acontecer o
mesmo show, na última noite do grupo que embarcou no Rio, mas não aconteceu.
Dessa forma, o fato do local de embarque fazia com que se perdesse ou ganhasse na
programação.
Os passageiros do Cruzeiro Técnico Universitário não lamentaram falta de
detalhes quanto ao quesito das atividades temáticas. Todas as atividades diurnas
eram próprias para os jovens como o cruzeiro deveria oferecer. Porém, como o
Cruzeiro Técnico Universitário continua uma pequena duração em relação ao Prata
All’italiana, certamente o cruzeiro mais curto deu a impressão de ter abordado mais
sua temática, já que o Prata All’italiana, com um espaço de tempo maior podiam
acrescentar atividades além da temática.
Ambos os navios dispunham de uma excelente estrutura de lazer, contudo, em
comparação entre o Zenith, e o Costa Victoria, o segundo contava com muitos
ambientes físicos internos, o que fazia com que os passageiros tivessem várias
opções de lazer e especialmente locais para passear e transitar pelo navio. Porém,
devemos lembrar que as dimensões dos dois navios são completamente diferentes, o
que justifica a amplitude dos espaços internos do Costa Victoria.
Quanto as excursões, no Zenith, foram oferecidas apenas 2 excursões por
12
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
cada escala que o navio fez, enquanto no Costa Victoria, foram apresentadas até 7
opções de excursões, que variavam de acordo com o local de escala. No entanto, o
fato de um navio ter um número maior de excursões, não significaria falta de
qualidade, mas estas foram montadas pensando no público alvo. Tanto que pela
pesquisa aplicada se constatou uma maior procura pelos passageiros do Costa
Victoria, certamente em função da condição financeira dos mesmos.
5 CONCLUSÃO
Por fim, após avaliar os ambientes, as atividades sugeridas e desenvolvidas,
conclui-se que a programação apresentada em ambos os navios foram satisfatórias
e abrangentes para todas as faixas etárias ao qual pretendia atingir. Desse modo, as
temáticas oferecidas cumpriram seu objetivo, que era dar aos passageiros em curso
momentos de divertimento, nos turno manhã, tarde ou noite, dando opções a serem
escolhidas assim como nas excursões oferecidas.
Conclui-se ainda, que mesmo havendo contra tempo, reclamações ou
acontecimento no decorrer dos eventos, o que foi oferecido atendeu devidamente o
desejo dos passageiros. Os navios ofereceram uma forma de viajar segura,
sofisticada e acima de tudo rica em entretenimento, lazer e recreação, que se
fizeram presentes em ambos.
RECREATION AND TOURISM IN MARINE THEME CRUISES: A comparative
analysis on the cruise technical university (Zenith) and cruise cross All’italiana (Costa
Victoria).
ABSTRACT
The market of maritime cruises comes being standing with one of the segments that
more grow in the tourism. This growth is due to diversification of products, to offers of
new destinations, to the decrease from the prices from the trips and the varied
activities of leisure, recreation and tourism. The purpose of this monograph is to
perform a comparative analysis between the Technical University cruise (Zenith) and
cruise Cross All´italiana (Costa Victoria) with regard to issues related to leisure
13
Estação Científica - Juiz de Fora, nº 09, janeiro – junho / 2013
activities, recreation and tourism. So that this analysis was possible, visits of field in
the two types of cruises had been made, beyond a vast bibliographical search and
interviews in the specific sectors.
Keywords: Tourism. Leisure and recreation. Sea cruises. Zenith cruise theme. Costa
Victoria cruise theme.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, Ricardo. Cruzeiros Marítimos. 2ª. ed. Barueri: Manole, 2006.
BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 13ª ed. São
Paulo: Papirus, 2003.
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Senac, 1998
CAVALLARI, Vinícius Ricardo; ZACHARIAS, Vany. Trabalhando com recreação. 5ª
ed. São Paulo: Ícone, 2001.
DIAS, Reinaldo; Aguiar, Marina Rodrigues de. Fundamentos do turismo.
Campinas: Alínea, 2002.
FERREIRA, Vanja. Educação Física, recreação, jogos e desportos. Rio de
Janeiro: Sprint, 2003.
IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do turismo. 2ª. ed. São Paulo: Thomson,
2003.
LARIZZATTI, Marcos F. Lazer e recreação para o turismo. Rio de Janeiro: Sprint,
2005.
PAGE, Stephen. Transporte e turismo. Porto Alegre: Bookman, 2001.
TORRE, Francisco de la. Sistemas de transportes turísticos. São Paulo: Roca,
2002.
SADAN, Alexandre. Diretor de Cruzeiros. 07 de dez. de 2008.

________________________________________________________________________



Educação Física

É a promoção da saúde e da capacidade física por meio da prática de atividades corporais. O bacharel ou licenciado em Educação Física organiza e supervisiona programas de exercícios físicos. Auxilia no tratamento de portadores de deficiência e prepara atletas de diversas modalidades esportivas. Pode trabalhar com grupos, em escolas, clubes, academias e ONGs, ou prestar atendimento individual, como personal trainer. Para exercer a profissão é obrigatório o registro no conselho da categoria (CREF). Para lecionar em escolas é necessário o diploma de licenciatura.

Educação Física ou Esporte?
Quem se forma em Educação Física tem matérias mais ligadas às áreas de Ciências Biológicas e da Saúde, preparando-se para uma atuação diretamente ligada ao ensino, seja em ambientes escolares, seja em academias e centros esportivos. Já o bacharel em Esporte atua, basicamente, como técnico ou preparador físico de atletas ou de equipes nas modalidades esportivas.


domingo, 15 de dezembro de 2013

Interação para fazer com seus alunos


AUTISMO








A Psicologia do Esporte: uma atualização teórica.

A Psicologia do Esporte: uma atualização teórica.
Escrito por João Ricardo Cozac   
Qui, 04 de Março de 2010
A Psicologia do Esporte é uma nova ciência do treinamento esportivo que tem prestado importantes contribuições para a otimização da performance de atletas e equipes.

Dar aos atletas respaldo psicológico é tão importante quanto lhes fornecer uma alimentação balanceada, programada por nutricionistas. Afinal, o corpo físico e o mental são as duas faces de uma mesma unidade e merecem a igual atenção (Becker Jr, 1998). Cuidar do corpo significa também percebê-lo como um todo unificado, do qual fazem parte emoções e estruturas mentais. O papel do psicólogo responsável pela saúde psíquica de um time se desenvolve a partir de uma abordagem das emoções vivenciadas pelos jogadores em sua rotina de trabalho (Franco, 2000).

É comum ouvir grandes atletas e treinadores dizerem: "temos que nos preparar psicologicamente para esta partida" ou "fisicamente o time está bem, mas psicologicamente vem passando por dificuldades" ou, ainda, "temos que elevar o moral para virarmos o jogo" (Becker Jr, 1998, p. 31).

As demandas psicológicas esportivas são inegáveis. Muitos atletas acabam sucumbindo diante de dificuldades que poderiam ser minimizadas caso houvesse um maior interesse de treinadores e dirigentes na contratação de psicólogos esportivos.

Considerando o aspecto bio-psico-social humano, o atleta poderá se deparar com necessidades em quaisquer das esferas acima citadas: biológica, psicológica ou social (Weinberg, 2001).

Assim sendo, se existem necessidades no plano biológico é preciso estar atento ao profissional capacitado para intervir no problema em questão, seja ele o nutricionista, o ortopedista, o clínico geral, o fisioterapeuta ou o cirurgião. Cada um atuando dentro de sua esfera e área de competência. O mesmo deve valer para o plano social e psicológico (Becker Jr, 1998).

Existe, na área esportiva, uma necessidade plena de auxílio aos atletas. No entanto, a presença deste profissional nas Comissões Técnicas não tem sido bem compreendida.

Será que a ciência não deve ser aplicada ao esporte? Será que a psicologia não é tida como ciência por aqueles envolvidos no esporte? Se a ciência não lhe pudesse ser aplicada, certamente confiaríamos o joelho lesionado do Ronaldinho a um curandeiro ou qualquer outro especialista que não tivesse formação científica para solucionar ou propor solução para o problema.

Para que se alcance o perfeito entendimento acerca da teoria e prática da Psicologia do Esporte, importa esclarecer seu conceito, proposta e objetivos.

Segundo a American Psychological Association (APA), "a psicologia do esporte é o (a) estudo dos fatores comportamentais que influenciam e são influenciados pela participação e desempenho no esporte, exercício e atividade física e (b) aplicação do conhecimento adquirido através deste estudo para a situação cotidiana" .

Benno Becker Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte, afirma que "há uma disciplina chamada psicologia aplicada ao exercício e ao esporte e esta investiga as causas e os efeitos das ocorrências psíquicas que apresenta o ser humano antes, durante e após o exercício ou o esporte, sejam estes, de cunho educativo, recreativo, competitivo, ou reabilitador" (1999, p 17)

A Psicologia do Esporte tem por finalidade investigar e intervir em todas as variáveis que estejam ligadas ao ser humano que pratica uma determinada modalidade esportiva e, em seu desempenho (Becker Jr, 1999).

Para muitos, esta nova ciência é aplicada apenas em atletas de alto desempenho. Vale ressaltar que a Psicologia Esportiva tem um alcance ainda maior do que o acima citado. Psicólogos esportivos podem atuar em academias de ginástica, escolas, centros recreativos, clubes e programações educacionais junto a educadores físicos.

Vários outros segmentos da psicologia têm influenciado a Psicologia do Esporte na medida em que contribuem para a ampliação do conhecimento dos fenômenos psicológicos que englobam a atividade esportiva. Entre eles, a psicologia social, a do desenvolvimento, a clínica, a experimental, a organizacional, a da personalidade e a educacional (Weinberg, 2001).

Vale ressaltar a importância dos conhecimentos práticos da modalidade esportiva a ser trabalhada pelo psicólogo. O objeto de estudo deve ser algo familiar ao profissional, para que o mesmo possa compreender o discurso e as demandas dos atletas.

A Psicologia do Esporte é uma ciência (Becker Jr, 2000). Pesquisas têm sido feitas ao longo dos anos no intuito de confirmar hipóteses formuladas, consolidar teorias e, enfim, aplicá-las, intervindo eficazmente junto aos atletas. No Brasil existem alguns centros de publicações científicas com reconhecimento internacional: o Laboratório de Psicologia do Esporte (LAPES), na UFMG, cujo diretor é o Dr. Dietmar Samulski e o Departamento da Pós-Graduação da UFRGS, cujo coordenador é o Dr. Benno Becker Junior.

A Psicologia do Esporte, segundo a Federação Européia de Associações de Psicologia do Esporte – Fepsac (1996), se refere aos fundamentos psicológicos, processos e conseqüências da regulação psicológica das atividades relacionadas ao esporte, de um ou mais praticantes dos mesmos. O foco deste estudo está nas diferentes dimensões psicológicas da conduta humana: afetiva, cognitiva, motivadora ou sensório-motora (Becker Jr, 1999). Os sujeitos investigados são os envolvidos nos esportes ou exercícios, como atletas, treinadores, árbitros, professores, psicólogos, médicos, fisioterapeutas, espectadores, pais etc.

A Psicologia do Esporte visa compreender melhor as demandas implicadas nestas atividades e dar uma assistência aos seus praticantes propondo um crescimento global e harmônico de sua personalidade. Objetiva, também, estudar o efeito do exercício sobre a área emocional do indivíduo como daquele portador de patologias (Becker Jr, 1986). Esta nova disciplina faz parte das ciências do movimento humano e das ciências do esporte.

A Psicologia do Esporte é o estudo científico de pessoas e seus comportamentos em contextos esportivos e de exercício e aplicações práticas de tal conhecimento (Gill, 1986). Os psicólogos do esporte identificam princípios e diretrizes que os profissionais podem usar para ajudar adultos e crianças a participarem e se beneficiarem de atividades esportivas.

Existe certa dificuldade em determinar o início preciso da Psicologia do Esporte num país, sem correr o risco de cometer várias injustiças, mormente no Brasil onde estes eventos têm pouca ou nenhuma divulgação (Becker Jr, 2000). Os registros oficiais mostram quem a Psicologia do Esporte, no Brasil, está em sua quarta década (Feige,1977). O início se deu com o professor João Carvalhaes em 1954, no Departamento de Árbitros da Federação Paulista de Futebol. Quarenta e cinco anos é uma idade que, no ser humano pode significar a maturidade, reflexo de ricas experiências. Em relação à Psicologia do Esporte, no entanto, o caminho percorrido ainda não trouxe a desejada maturidade.

Ainda com relação ao professor Carvalhaes, é preciso que sejam tecidas algumas considerações. Na época em que atuou como psicólogo da Seleção, os testes aplicados por ele reprovaram o Mané Garrincha que, posteriormente, foi o grande astro da Seleção. O que as pessoas esquecem é que o jogador faleceu de cirrose hepática, em péssimas condições psicológicas. Se as ferramentas utilizadas pelo professor não foram eficazes para a seleção e traço de perfil psicológico esportivo, certamente já davam mostras da fragilidade de um dos maiores astros do futebol brasileiro de todos os tempos.

A evolução da Medicina do Esporte acrescentou um crescimento científico importante, tanto para a Educação Física quanto para o desporto nacional. Três laboratórios de pesquisa do exercício (Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro) foram criados. Foi iniciada aí a base para a evolução das diversas disciplinas que integram as ciências do movimento humano como a Biomecânica, a Cineantropometria, a Fisiologia e a Psicologia. O início da segunda geração de psicólogos no Brasil aconteceu em 1975, envolvendo Benno Becker Junior (Porto Alegre) Sandra Cavasini (São Paulo) e João Alberto Barreto (Rio de Janeiro). A partir de então, quase a totalidade dos eventos científicos de Educação Física, esporte ou Medicina do Esporte, passou a contar com a participação da Psicologia do Esporte em suas sessões.

O psicólogo esportivo foi o último integrante da comissão técnica interdisciplinar a ser reconhecido pelos clubes. Até hoje, o psicólogo sofre com o preconceito e a desinformação daqueles que, supostamente, deveriam zelar pelo bem estar dos atletas. Quando um novo profissional da área da saúde ingressa numa equipe de trabalho, mobiliza uma série de mecanismos psíquicos nos seus integrantes (simpatia, resistência etc.). Se este novo profissional é um psicólogo, pode ocorrer uma mobilização maior entre os membros da equipe. A percepção que cada ser humano tem do psicoterapeuta é bastante variável. Pode incluir desde expectativas de grande ajuda (beirando até o sobrenatural) até ansiedades persecutórias nos sujeitos mais inseguros. Lacrampe e Chamalidis (1995) afirmam que a percepção do serviço de Psicologia do Esporte depende da interação de fatores como experiência passada dos atletas com o Psicólogo esportivo, expectativas do grupo, confiança mútua e a especificidade da situação. A partir destes elementos, é de grande importância o modo pelo qual o psicólogo será apresentado aos membros de uma equipe esportiva.

Uma apresentação seguida de um grande currículo pode atrapalhar, pelo desnível que eventualmente despertará no atleta (e nos outros profissionais), frente a este novo integrante da equipe técnica e, também, pela tendência a atribuir-lhe onipotência, inclusive através da idealização de que o psicólogo possui poderes mágicos e que resolverá todos os problemas da equipe. Esses sentimentos podem, se não forem equacionados rapidamente, concorrer para um relacionamento cheio de conflitos entre o psicólogo e os demais integrantes da equipe. Se o psicólogo aceitar esta auréola de mágico, poderá ser, em pouco tempo, rejeitado e aniquilado pelos integrantes do grupo. Uma apresentação simples, com nome, função, experiência e objetivos parece suficiente (Becker Jr, 2000).

A apresentação e o pré-projeto psicológico são de extrema valia. Uma explicação simples sobre o que faz ajudará bastante, pois, embora tenha melhorado muito a informação sobre suas funções, ainda há quem o classifique como alguém que trata de loucos. Possivelmente, tal resistência também tenha ocorrido quando do início da atividade do médico e do dentista no esporte (Becker Jr, 2000).

Atualmente, procura-se um médico diante de qualquer distúrbio orgânico e, quando um dente dói, seguramente não se pensará em outro profissional que não seja um dentista. Mostrar aos atletas que cada um deles contribui com seus esforços e sua técnica para alcançar os objetivos da equipe e de que ele, psicólogo, a partir de agora, fará parte desta equipe utilizando sua técnica para o progresso do grupo, certamente é o caminho adequado para o início de um trabalho (Becker Jr, 2000). É também oportuno acrescentar que um trabalho psicológico tem pouco valor se não for acompanhado de uma preparação físico-técnico-tática e um cuidado da parte médica e administrativa. Desta forma, o psicólogo tratará por estabelecer, desde logo, um bom vínculo com a equipe técnica, os dirigentes e atletas.

Dependendo do nível da equipe e do tipo de esporte (no caso o futebol tem, sem a menor sombra de dúvidas, o maior espaço na mídia), é possível que a imprensa ofereça alguma divulgação. Será indicado prestar algumas informações aos repórteres e explicar que várias outras coisas não poderão ser objetos de divulgação—devido à ética profissional.

A posição do psicólogo esportivo nos clubes deve ser discreta. As informações por ele colhidas são de uso interno, não sendo passives de conhecimento público.

O psicólogo esportivo tem, por norma de atuação, o respeito por algumas etapas de implantação de seu programa de Psicologia Esportiva, como veremos a seguir.

ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE PSICOLOGIA ESPORTIVA

1. Informação

Etapa em que o psicólogo informa a todos os componentes do grupo esportivo

(Becker Jr 2000), como funciona um programa de Psicologia Esportiva. Neste momento, recolherá informações básicas sobre como funciona a instituição e o grupo esportivo em que vai trabalhar. Para isto utiliza entrevistas, inventários e observações pessoais. É de fundamental importância ouvir a avaliação do treinador e dos membros da equipe técnica a respeito de como funciona a dinâmica do grupo esportivo.

1. Pré-programa

O pré-programa, estruturado de acordo com as informações obtidas pelo psicólogo sobre o funcionamento da instituição e do grupo esportivo, deverá ser apresentado aos dirigentes e grupo técnico para discussão (Becker Jr, 2000). Se os dirigentes e o grupo técnico aprovarem o pré-programa, ele passará a ser o programa. Deve haver uma co-responsabilidade de todo o grupo para a implantação do mesmo.

1. Programa

Sempre que se inicia um trabalho, em qualquer área da atividade humana, é necessária uma avaliação prévia. Esta deve enfocar o indivíduo e o grupo. Mesmo nos esportes individuais, o técnico trabalha com um grupo de atletas e devemos verificar sua dinâmica. Assim (Becker Jr, 2000), alguns procedimentos como testes, entrevista e observação de conduta são sugeridos.

Estamos presenciando a evolução da Psicologia (Weinberg, 2001), um momento de reavaliações das ferramentas de diagnóstico de grupo e individual. Através de entrevistas que poderão confirmar (ou não) aspectos detectados nos testes, será mais eficaz o levantamento dos níveis de ansiedade (Becker Jr, 2000), do estado emocional em treinamentos e competições, da agressividade (extra e intra punitiva) da atenção (concentrada e difusa), da depressão, da motivação e outros fatores, podem ajudar o psicólogo a conhecer um pouco mais o desportista objeto de seu estudo.

A avaliação do atleta não é feita através de um teste psicotécnico que aprova ou reprova candidatos (Becker Jr, 2000). Na Copa de 1962, o psicólogo João Carvalhaes solicitou o desligamento de vários atletas da seleção pois seus testes eram pobres. Devido à falta de experiência na área, o profissional colocou em risco o sucesso de sua atuação por não observar a conduta esportiva dos atletas (Becker Jr, 2000).

Muitos clubes gastam fortunas contratando atletas que são indicados pelos famosos olheiros (Becker Jr, 2000), observadores de treinos e de partidas que opinam a respeito dos desportistas. Um fator que todo clube exige é o exame médico (Becker Jr, 2000), para detectar se o jogador não tem alguma enfermidade encoberta. Em alguns casos, falta a aplicação de um exame psicológico para complementar o diagnóstico inicial do jogador novato. A conduta de um atleta dentro de uma nova equipe não será, necessariamente, a mesma que tinha na equipe anterior, uma vez que o ambiente e os companheiros de equipe são outros (Weinberg, 2001). Desta forma, é importante, além de uma avaliação individual, um exame grupal para que o psicólogo entenda a dinâmica do grupo com que irá atuar.

Somente através desta primeira investigação, o psicólogo esportivo estará capacitado para intervir no grupo, utilizando as técnicas e ferramentas desenvolvidas em trabalhos e estudos científicos.

Respeitar estas normas, utilizando-as com simplicidade, compromisso e ética, determinará o sucesso de sua empreitada profissional.

Usualmente quando uma área do conhecimento se aproxima de outra é devido à necessidade de que informações de uma área sejam aplicadas na outra. Dentre tantas formas da psicologia se aproximar e auxiliar a profissionais da área de educação física (técnicos, professores e atletas), existe o trabalho de psicólogos voltado para o estudo e aprimoramento da performance de atletas.

Este tipo de trabalho junto a atletas (quer sejam de alto nível ou não) é um trabalho especializado que exige do psicólogo conhecimentos específicos da psicologia esportiva, de biologia, de educação física, aspectos culturais da modalidade e do local onde se treina e compete, entre outros.

Com várias décadas de estudo de alto nível sendo realizados por algumas das maiores universidades do mundo e aplicados junto a atletas de elite mundial, a psicologia esportiva é uma ciência bastante utilizada por comissões técnicas de grandes potencias esportivas devido aos seguintes fatores: resultados positivos obtidos; excepcional relação custo/benefício; pesquisas constantes que possibilitam novas e úteis descobertas; desenvolvimento de técnicas não invasivas, de fácil assimilação por parte dos atletas; a possibilidade de trabalhar aspectos relevantes de ordem comportamental e emocional com critério e profissionalismo.

Em uma nação esportiva que combina características de carência econômica com grande nível técnico (com inteligência e criatividade) de atletas, como o caso do Brasil, a implementação do trabalho da psicologia esportiva voltado para a otimização de performance é uma alternativa valiosa como auxiliar na obtenção de padrões de desempenho mais altos e constantes.

Associação Americana de Psicologia. Com cede nos Estados Unidos, a APA tem por objetivo, a atualização e conceitualização de novos campos de atuação da Psicologia no mundo.
 
Bibliografia
 
1. ANSHEL, M.H. Sport Psychology.  Health Publishers, 1996.
2. ANTUNES, F. Futebol : o espetáculo do século, Núcleo de Estudos do Cotidiano e da Cultura Urbana da PUC. São Paulo : Editora Musa, 1999.
3. BASTOS, E.R., “Gilberto Freyre e a Questão Nacional”, In : MORAES, R.; ANTUNES, R.; FERRANTE, V.B. (organizadores). Inteligência Brasileira. São Paulo : Brasiliense, 1986.
4. BECK, J.S. Teoria Cognitiva : Teórica e Prática. Porto Alegre : Artes Médicas, 1997.
5. BECKER JUNIOR, B.; SAMULSKI, D. Manual do Treinamento Psicológico para o Esporte. Feevale, 1999.
6. BECKER JUNIOR, B.; SAMULSKI, D. Manual de Treinamento Psicológico. Feevale, 1998.
7. BECKER JUNIOR, B. Manual de Psicologia do Esporte e Exercício. Feevale, 1999.
8. BECKER JUNIOR, B. Psicologia Aplicada à Criança no Esporte. Feevale, 2000.
9. BECKER JUNIOR, B. Manual de Psicologia do Esporte & Exercício. Editoração Eletrônica : Abel/Nova Prova, 2000.
10.BECKER JUNIOR, B. Manual do Treinamento Psicológico para o Treinador de Esporte.
11. BERTHERAT, T.; BERNSTEIN, C. O corpo tem suas razões : antiginástica e consciência de si ( trad. Estela dos Santos Abreu ). São Paulo : Martins Fontes, 1986.
12. BIDOT, N. Neurolingüística – prática para o dia a dia. São Paulo : Nobel.
13. BRACHT, V. et al. . As ciências do esporte no Brasil, 1995
14. CAMPOS, J.L. Verificar as causas pela preferência da ginástica de academia, estética e /ou recreação. Trabalho acadêmico (Graduação em Educação física). Londrina : Universidade Federal de Londrina, 1998.
15. CAPINISSÚ, J.M. A Linguagem Popular no Futebol. São Paulo : Ibrasa, 1998.
16. CARVALHO,Y.M. O mito da atividade física e saúde. São Paulo : Hucitec, 1998.
17. CAVALCANTI, Z.G. Futebol : Espetáculo do Século. Núcleo de estudos do cotidiano e da cultura urbana da PUC. São Paulo : Musa, 1999.
18. CAYROL, A.; BERRÉRE, P. Guia de PNL. São Paulo : Record, 1997.
19. CHIRIVELLA, E.C. Motivacion y su aplicacion – Practica al deporte. Valencia : Promolibro, 1999.
20. COIMBRA, A . A . de. Zico conta sua história. FTD, 1996.
21. COSTA, F. O futebol na ponta da caneta. São Paulo : Revista USP, 1994.
22. COSTA, J.F. Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro : Graal, 1983.
23. COZAC, J.R. (organizador ). Com a cabeça na ponta da chuteira – Ensaios sobre Psicologia do Esporte. São Paulo : Anna Blume, 2003.
24. CRATTY, B.J. Psicologia no esporte. Rio de Janeiro : Prentice – Hall do Brasil, 1984.
25. CRUYFF, J. Futebol Total. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1974.
26. CRUZ, J.; RIERA, J. Desarollo histórico y perspectivas de la psicologia del deporte em Espanã – Historia de la psicologia del deporte. Cantón, 1992.
27. DAOLIO, J. Da cultura do corpo. A construção cultural do corpo humano. Campinas : Papirus, 1993.
28. DUARTE, O .  Futebol : Histórias e regras. São Paulo : Makron Books, 1996.
29. DUARTE, O. História dos esportes . São Paulo : Makron Books, 2000.
30. DUBY, G. As três ordens ou o imaginário do feudalismo. Lisboa : Estampa, 1982.
31. DUNNING, E. Sport Matters. Routledge, 1999.
32. EDWARDS, H. Sociology of sport. Homewood, 1993.
33. ELIAS & DUNNING. Deporte y ocio en el processo de la civilizacion. Blackwell Publishing, 1986.
34. ENRIQUEZ, E. Da hora ao Estado. São Paulo : Jorge Zahar, 1990.
35. FEIGE, K. The development of sport psychology. Bundesinstitut Jr. Sportwissenchalt Kel., 1997.
36. FELIU, J.C. Psicologia Del Deporte. 1990.
37. FELTZ, D.L. Advances in sport psycology – Champaign : Human Kinetics – The nature of sport psychology. TS Horn, 1992.
38. FERNANDES, J.L. Futebol : Ciência, arte ou ... sorte; treinamento para profissionais. São Paulo : EPU, 1994.
39. FILHO, M. O sapo de arubinha. São Paulo : Companhia das Letras, 1994.
40. FILHO, M. O negro no futebol brasileiro. Rio de Janeiro : Mauad, 1947.
41. FISBERG, M. e COLS. Hábitos alimentares na adolescência. São Paulo : Revista Moderna, 2000.
42. FORGIONE, M.C.R. Hemofilia e imagem corporal : Possibilidade de intervenção em Psicologia Hospitalar. São Paulo : Revista de psicologia hospitalar, 1996.
43. FRANCO, G.S. Psicologia no esporte e na atividade física. Manole, 2000.
44. GALEANO, E. Futebol ao sol e sombra. São Paulo : L&PM, 1996.
45. GALILEA, B.; PLAZA. Actas de las x jornades de la associación catalana de psicologia de deporte. La entrevista esportiva, 1992.
46. GARRATT, T. Motivação esportiva – Aumentando o desempenho nos esportes. Madrax, 2000.
47. GILL, D.L. Champaign : human kinetics – Psychological dynamics of sport. 1986.
48. GOLLEMAN, D. Inteligência emocional. São Paulo : Objetiva, 1998.
49. GOLLEMAN, D. Trabalhando a inteligência emocional. São Paulo : Objetiva, 1999.
50. GREENBERGER, D.; PADESKY, C.A. A mente vencendo o humor. Porto Alegre : Artes Médicas, 1999.
51. HARRIS, D.V. (PHD); HARRIS, B.L. The athlete’s guide to sports psychology. Human kinetics, 1984.
52. HELAL, R. O que é sociologia do esporte. Brasiliense, 1990.
53. HELAL, R.  Passes e impasses : futebol e cultura de massa no Brasil. Vozes, 1997.
54. HELANKO, R. Sports and socialization. Acta sociol, 1957.
55. HELMSTETTER, S. Programação neurolingüística. São Paulo : Record.
56. JOHNSON, D. Corpo. Rio de Janeiro : Nova fronteira, 1990.
57. KENYON, G.S.; LOY, J.W. Toward a sociology of sport. Jornal of health physical 
education
 and recreation, 1965.
58. LACRAMPE, R.; CHAMALIDIS, In : R. Vanfraechem – Raway & Vanden Aweele. Social representation of the sport psychologist by team athletes. 1995.
59. LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor do nascimento aos 6 anos (trad. Ana Guardiola Brizolara). Porto Alegre : Artes médicas, 1982.
60. LESYK, J.L. Developing sport psychology within your clinical practice. São Francisco : Joffey Bass Publisher, 1998.
61. LEVINSKY, S. El negocio del futbol. Corregidor, 2000.
62. LEVINSKY, S. Maradona : rebelde com causa. Corregidor, 2000.
63. LOVISOLO, H. Atividades físicas e saúde : A paisagem das tribos da educação física. Rio de Janeiro : Sprint, 2000.
64. MACHADO, A .H. Musculação : necessidade ou modismo? ( trabalho acadêmico de graduação em educação física ). Universidade Federal de Londrina, 1998.
65. MACHADO, A . A. Psicologia do esporte : temas emergentes. São Paulo : Ápice, 1997.
66. MAFFRE, J.J. A vida na Grécia clássica. Rio de Janeiro : Zahar, 1989.
67. MAGNANE, G. Sociologie du sport. Gallimard, 1964.
68. MATTA, R. DA. O que faz o brasil, Brasil? São Paulo : Rocco, 1984.
69. MAY, R. Minha busca da beleza. São Paulo : Vozes, 1985.
70. MILAN, B. O país da bola. Rio de Janeiro : Record, 1998.
71. MOLDEN, D. Neurolingüística nos negócios. São Paulo : Campus.
72. MOREIRA, W.W. O fenômeno da corporeidade : corpo pensado e corpo vivido. Rio de Janeiro : Shape, 1993.
73. NASCIMENTO, N. A nova estética. São Paulo : Sucesso editorial, 1977.
74. O’CONNOR, J. Introdução à programação neurolingüística. Summus, 1996.
75. OLIVER, G.G.F. Um olhar sobre o esquema corporal, imagem corporal, consciência corporal e a corporeidade ( dissertação de mestrado ). Campinas : Unicamp, 1995.
76. PEREIRA, L. Esportes : aspectos sociais. Rio de Janeiro : Bloch, 1980.
77. RANGÉ, B. Psicoterapias Cognitivo – Comportamentais : um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre : Artmed Editora, 2001.
78. RODRIGUES, J.C. Tabu do corpo. Rio de Janeiro : Achiamé, 1983.
79. RODRIGUES, N. A sombra das chuteiras imortais. São Paulo : Cia das letras, 1990.
80. ROSENFELD, A . Negro, macumba e futebol. Perspectiva, 1993.
81. RUBIO, K. ( organizadora). Psicologia do esporte, interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo : Casa do Psicólogo, 1999 e 2000.
82. RUBIO, K. Psicologia do esporte aplicada. São Paulo : Casa do psicólogo.
83. SCHILDER, P. A imagem do corpo : as energias construtivas da psique. ( trad. Rosanne Wertman ). São Paulo : Martins Fontes, 1980.
84. SEBRELI, J.J. La era del futbol. Editoral Sudamericana, 1996.
85. SILVEIRA, D. Futebol total. 1980
86. SIMÕES, A .T. Mulher e esporte – mitos e verdades. São Paulo : Manole, 2002.
87. SOARES, A .J. Futebol, raça e nacionalidade no Brasil – releitura da história oficial, tese ( doutorado em educação física ). Rio de Janeiro. 1998.
88. SOUZA, M.A . Gênero e raça : a nação construída pelo futebol brasileiro ( núcleo de estudos do gênero/ UNICAMP ). Campinas, 1996.
89. SPIELBERGER. Measuring anxiety in sports, perspectives and problems. Nova York : Hemisphere P.C. Hackfort, 1989.
90. STEVENS, J. Tornar-se Presente. São Paulo : Record, 1988.
91. SUSSEKIND, H. Futebol. Dumará Distribuidora, 1996.
92. TERRA, M.A. Futebol que lava a alma. São Paulo : Rideel, 1998.
93. THOMAS, A . Psicologia del deporte, 1978.
94. THOMAS, R.; HAUMONT, J.L. Sociologia del deporte. Ediciones bellaterra, 1987.
95. TOLEDO, L.H. No país do futebol. São Paulo : Jorge Zahar Editora, 2000.
96. VARGAS, A. ( coord ). ). Reflexões sobre o corpo. In : Barros, D. Corpo expressivo. Rio de Janeiro : Sprint, 1998.
97. VARGAS, A. ( coord ). ). Reflexões sobre o corpo. In : Avellar, C. A consciência dos usuários das academias de ginástica sob o aspecto biopsicossocial. Rio de Janeiro : Sprint, 1998.
98. VARGAS, A. ( coord ). ). Reflexões sobre o corpo. In : Da Costa, M.G. Academia de ginástica um espaço para o corpo. Rio de Janeiro : Sprint, 1998.
99. VILLAÇA, N.G.F. Em nome do corpo. Rio de Janeiro : Rocco, 1998.
100. WAGNER, C.M. Futebol e orgasmo. Summus editorial, 1998.
101. WILLIAMS, J.M. Nueva psicologia del deporte. Madrid : Biblioteca, 1991.
102. WITTER, J.S. Breve história do futebol brasileiro. FTD, 1999.
103. WEINBERG, R.S. Psicologia do esporte e do exercício. Artmed, 2001.
104. WEINBERG, R.; GOULD, D.  Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. São Paulo : Artmed. 2001 
Última atualização ( Dom, 28 de Fevereiro de 2010 )